O clima na concentração da escola Unidos de Vila Isabel, a terceira escola do Grupo Especial a desfilar no Rio nesta segunda-feira (3) é radicalmente o oposto do que se espera de um evento carnavalesco. Componentes de alas e até composições de carro estão tensos, nervosos e revoltados com a falta de fantasias. Algumas alas receberam a parte que faltava da roupa na concentração a cerca de 30 minutos do horário previsto para a escola desfilar.
"Desfilo na Vila Isabel desde 'Kizomba', em 1988 e nunca passei por uma situação dessas, de não saber se teria ou não a fantasia, quando já estamos concentrados. Isso é um absurdo, uma falta de respeito. Como é que a escola pode se apresentar bem nesse clima?", reclamou uma componente que, sendo da comunidade, preferiu não se identificar temendo represálias por parte da diretoria da escola.
Revoltadíssima, Michele Donato, que pagou R$ 110 pela fantasia de composição do carro abre-alas reclamava que não tinha recebido a parte de baixo da roupa e nem o sapato. Ela e outras 74 pessoas inclusive corriam o risco de nem desfilar.
"Ninguém informa nada para a gente. Ficamos das 8h30 às 19h no barracão da escola, na Cidade do Samba para pegar a fantasia e mesmo assim, só recebemos a cabeça e o esplendor. A toda hora passa alguém por aqui e diz que a gente corre o risco de nem desfilar. Essa é a primeira e a última vez que desfilo na Vila. A escola acabou com meu carnaval", disse Michele.
Outra composição do abre-alas, Eliane Santos, que desfila há 17 anos na escola, está assustada com a falta de organização da Vila Isabel.
"Uma escola que foi campeã como a Vila foi em 2013, não pode passar por uma situação dessas. Ninguém informa nada e ainda surgem os boatos. A cada hora a gente escuta dizer que faltam fantasias de dez alas. Quem é Vila de coração, como eu, fica muito triste com tudo isso", lamentou a componente.
O presidente Wilsinho Alves, na frente da escola, não quis se pronunciar sobre os problemas enfrentados pela Vila Isabel.
