Esta cidade corre o risco de colapso no sistema local de abastecimento de água. A barragem responsável pelo fornecimento de água está praticamente seca e os operários trabalham na implantação de duas adutoras emergenciais para solucionar o problema. Desde o mês passado que a população enfrenta racionamento e em alguns bairros moradores ficam sem água nas torneiras por mais de três dias.
A Barragem Tibúrcio Soares, responsável pelo abastecimento da cidade, está com volume muito reduzido, menos de 3%, e até o fim deste mês vai secar totalmente. A primeira alternativa foi a transferência de água do Açude Raimundo Morais, localizado no sítio Cambitos, diretamente para a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Cagece.
Já existe uma tubulação implantada e os operários trabalham em pequenos ajustes. O Açude Raimundo Morais já foi utilizado de forma emergencial em outros períodos de seca, quando houve risco de desabastecimento da área urbana.
O reservatório particular, entretanto, tem volume limitado e somente dará para atender a demanda até os próximos 60 dias.
Para atender a necessidade da área urbana, o governo do Estado autorizou a implantação de uma segunda adutora emergencial que vai assegurar o abastecimento dos moradores, a partir do Açude Trussu, localizado no distrito de Suassurana, zona rural do município de Iguatu, distante 25km de Acopiara.
Os serviços começaram na sexta-feira passada e os operários trabalham contra o tempo. O início das obras foi anunciado pelo prefeito Vilmar Félix. "O governador mostrou-se sensível à situação crítica que o município enfrenta e havia o risco de toda a população da cidade ficar sem água a partir de novembro próximo", frisou.
Após a notícia, a euforia tomou conta da cidade. "O começo dessa obra é um alívio para todos nós". De acordo com o engenheiro da Secretaria de Infraestrutura do município, Emídio Calixto, no prazo de 60 dias, a adutora emergencial do Açude Trussu ficará pronta. "Essa é a nossa expectativa, pois os operários conseguem, em média, instalar dois quilômetros de cano a cada dia", explicou.
A tubulação é transportada por caminhões de Fortaleza para Acopiara e foi doada pelo governo do Estado. O trabalho envolve duas frentes de serviço. Uma faz a instalação dos canos, de fácil encaixe, segundo uma tecnologia usada na Guerra do Iraque por tropas do exército dos Estados Unidos.
A rede de dutos será superficial. Outro grupo de operários vai começar o trabalho de construção de uma estação elevatória próxima ao Açude Trussu. A rede inicial dos tubos a partir do Açude Trussu será de 300mm por uma extensão de oito quilômetros e o restante reduz para canos de 200mm por cerca de 17km. "Inicialmente, a água será bombeada, mas depois segue por gravidade", explicou Calixto. "Os recursos da obra são oriundos do governo do Estado". A partir da próxima semana, os serviços serão intensificados, assim como o racionamento na distribuição de água feita pela Cagece.
"A população está enfrentando transtornos, mas agora com o início da adutora emergencial do Trussu vive a expectativa de que o problema será resolvido até o fim de novembro", disse o prefeito, Dr. Vilmar Félix. "O nosso temor era de colapso total no sistema, pois a barragem está secando rapidamente".A Cagece e a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) levantaram três opções de açudes para a implantação da adutora emergencial.
Relatórios
Os relatórios foram encaminhados para o governador Cid Gomes, que fez a opção pelo Açude Trussu, em Iguatu. Dois reservatórios particulares, localizados no município de Acopiara, eram mais próximos, mas apresentaram volume reduzido e a água era salobra, exigindo correção na estação de tratamento. A solução para a crise que a cada período de seca ameaça a cidade de Acopiara de desabastecimento é a implantação em definitivo da adutora do Açude Trussu.
A obra começou a ser implantada há sete anos, com recursos da Fundação Nacional de Saúde. Faltam 12km de rede de canos de 500mm, mas está paralisada há cinco anos, em decorrência de denúncia de prática de crime contra a administração pública, desvio de recursos, que teria sido praticados na gestão municipal anterior. Há processo em tramitação na Justiça Federal.
Honório Barbosa Repórter
Diário do Nordeste