Dados do Ministério da Saúde, divulgados ontem, colocam o Estado como o 5º no Brasil a reduzir óbitos
O número de mortes decorrentes de acidentes de trânsito no Ceará caiu
12,5% em um ano, passando de 2.634, em 2014, para 2.305, em 2015. Foram
329 óbitos evitados no período. Os dados são do Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, divulgados nesta
terça-feira. Percentualmente, o Estado tem resultado melhor do que o
Brasil que, de acordo com o SIM, diminuiu em 11% o casos de perdas
fatais no trânsito no período.
A mesma tendência foi registrada em Fortaleza, a oitava Capital que
mais reduziu o número de mortes no País. Em 2014, foram 749 óbitos; em
2015, 614, ou seja, 135 a menos, o que representou uma diminuição de
18%.
Segundo o Ministério, entre as causas em que as mortes tiveram redução
significativa, estão os acidentes com automóvel e os atropelamentos, com
um decréscimo de 23,9% e 21,5%, respectivamente. Entre os motociclistas
também houve redução em 4,8%. Pelos números, mais de cinco mil vidas
foram poupadas em todo o País no período. Os dados apontam que, em 2015,
38.651 pessoas foram vítimas do trânsito, contra 43.780 óbitos
registrados no ano anterior.
Em comparação com o restante do Brasil, o Ceará ficou na 5ª posição no
País e a segunda do Nordeste dos que mais conseguiram poupar vidas. Em
números absolutos, São Paulo, com menos 1.169 mortes; Rio de Janeiro
(709), Bahia (472) e Minas Gerais (396) são destaques. Em contrapartida,
Paraíba (com mais 62), Sergipe (39) e Roraima (18) tiveram aumento no
número de óbitos. Em percentual, o Rio de Janeiro registrou maior queda,
com 24,4%; seguido pela Bahia, com 17,3%; São Paulo, 16% e Ceará, com
12,5%. Minas Gerais tem 9,4%.
Para especialistas e pela visão do próprio órgão federal, a redução
pode estar relacionada à efetividade das ações de fiscalização após a
lei seca, que neste ano completa nove anos de vigência. Além de mudar os
hábitos dos brasileiros, apontam, a lei trouxe um maior rigor na
punição e no bolso de quem a desobedece. "Com o passar dos anos, a lei
passou por mudanças e ficou mais severa com o objetivo de aumentar a
conscientização dos condutores de não se misturar bebida com direção",
diz o Ministério, informando que, atualmente, o condutor que ingerir
qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização
de trânsito está sujeito a multa de R$ 2.934,70 e suspensão do direito
de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa
dobra.
Outro fator que contribuiu de forma fundamental foi a municipalização
do trânsito, que é a integração do município ao Sistema Nacional de
Trânsito (SNT). Com a responsabilidade passando a ser local, as cidades
podem criar órgãos executivos de trânsito. Nos municípios que adotaram
essa estratégia, houve maior redução do número de óbitos por acidentes
de trânsito, com queda de 12,8%. Nos demais, a queda foi menor, 8,9%.
Nesse sentido, Fortaleza é destaque na pesquisa, junto com Goiânia (GO).
Na avaliação positiva da Capital cearense, o superintendente da
Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC), Arcelino
Lima, comenta os dados não só do Ministério da Saúde, mas os relativos à
edição de 2016 do Relatório Anual de Acidentes de Trânsito, onde
constatou-se que a cidade conseguiu, pela primeira vez em 15 anos, ficar
abaixo de 300 óbitos em 2016. "De janeiro a dezembro do ano passado,
registramos 278 mortes contra 381 em 2011, o que representa menos 27,03%
no total de vítimas fatais", diz, afirmando que ainda não se tem nada a
comemorar, porque existe um longo caminho a percorrer nesse sentido.
Capacitação
Ele ressalta investimentos em segurança viária, entre eles, faixas
exclusivas para ônibus, passagem elevadas de pedestres, áreas com
redutor de velocidade, capacitação de agentes de trânsito, fiscalização
eletrônica, como algumas ações que vêm conseguindo mudar o panorama.
Arcelino adianta que, no segundo semestre, duas áreas de trânsito calmo
serão implantados: no entorno do Hospital Alber Sabin e no polo
gastronômico da Cidade 2000.
"Lógico que essa redução de vítimas fatais é uma conquista não só da
AMC como da cidade como um todo, pois a população vem contribuindo para
isso, com mais respeito às ciclovias, ciclofaixas, faixas de ônibus e de
pedestres. No entanto, temos muito ainda o que fazer e melhorar".