quarta-feira, 17 de maio de 2017

Governo do Estado não descarta racionamento

Image-0-Artigo-2242499-1

A tarifa de contingência deve continuar a valer no segundo semestre deste ano. Segundo o governador Camilo Santana, a medida foi benéfica desde a aplicação em dezembro de 2015. Apesar da afirmação, segundo levantamento da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), da meta de 20%, o Estado conseguiu atingir 16,5% desde a implementação da medida no plano de segurança hídrica no ano passado. O gestor também não descartou a possibilidade de um racionamento de água no segundo semestre para garantir a segurança hídrica do Estado.

Camilo Santana esteve ontem no Sistema Verdes Mares (SVM) e concedeu entrevista ao programa do radialista Paulo Oliveira. O governador explanou sobre as ações que podem ser intensificadas no segundo semestre para reduzir o consumo de água no Ceará. O racionamento não é a primeira alternativa, mas segue no plano devido ao inverno "razoável", segundo ele. 

O gestor ainda explicou que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) aguarda precipitações para os meses de maio e junho deste ano, mas que, ao mesmo tempo, estuda intervenções a serem feitas até o fim do ano. Até o dia de ontem, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o nível médio dos 153 açudes monitorados pelo órgão é de 12,6%.

Desde quando começou o atual ciclo de seca no sertão cearense, o mês de maio só registrou chuva dentro da média histórica, que é de 90.6mm, em 2013. Nos demais anos, a pluviometria, segundo a Funceme, sempre esteve com desvio negativo. Atualmente, no meado do mês, há um déficit de 58.5%. Nessa última série histórica, o período que registrou menos precipitação foi maio de 2012, com apenas 18.6mm observados.

O governador também ressaltou que o planejamento para o restante do ano será com base nas negociações da retomada das obras de transposição das águas do Rio São Francisco entre Cabrobó (PE) e Jati (CE). Nesta quarta-feira (17), ele segue para Brasília, onde marcará uma nova reunião com o Ministério da Integração Nacional.
 
"Nós vamos trabalhar até o último momento para evitar qualquer tipo de transtorno para a população. Repito: não que o racionamento não seja uma medida que possa ser usada. Ela é aquela que traz mais prejuízos à população. O retorno disso às vezes é muito pequeno", declarou Camilo Santana.

Alternativas

Durante a transmissão de vídeo semanal no Facebook, onde Camilo tira dúvidas da população, um internauta de Fortaleza questionou o governador sobre o uso de dessalinizadores. O equipamento trata água de poços ou mesmo do mar retirando o excesso de sais minerais, micro-organismos e outras partículas sólidas. O gestor respondeu ao fortalezense lembrando do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) iniciado em janeiro pelo Governo. "Esse equipamento vai gerar 2 mil litros por segundo. Será um reforço para Fortaleza e Região Metropolitana. Brevemente, abriremos uma licitação para adquirir a máquina".

Outra medida adotada pelo Estado é a perfuração de poços na horizontal. A perfuradora comprada nos Estados Unidos, estimada em R$7 milhões, já iniciou a produção de poços no Cumbuco, em Caucaia. Conforme Débora Rios, diretora de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), a nova técnica implantada no Estado pode aproveitar melhor os aquíferos.

"É a primeira vez no País que se usa o poço horizontal de grande extensão. O comum é na vertical. A nossa previsão de vazão é de 200 litros por segundo. A ideia é tornar o Complexo Industrial e Portuário do Pecém Independente de Fortaleza e RMF".