A tarifa de contingência deve continuar a valer no segundo semestre
deste ano. Segundo o governador Camilo Santana, a medida foi benéfica
desde a aplicação em dezembro de 2015. Apesar da afirmação, segundo
levantamento da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), da meta de 20%, o
Estado conseguiu atingir 16,5% desde a implementação da medida no plano
de segurança hídrica no ano passado. O gestor também não descartou a
possibilidade de um racionamento de água no segundo semestre para
garantir a segurança hídrica do Estado.
Camilo Santana esteve ontem no Sistema Verdes Mares (SVM) e concedeu
entrevista ao programa do radialista Paulo Oliveira. O governador
explanou sobre as ações que podem ser intensificadas no segundo semestre
para reduzir o consumo de água no Ceará. O racionamento não é a
primeira alternativa, mas segue no plano devido ao inverno "razoável",
segundo ele.
O gestor ainda explicou que a Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) aguarda precipitações para os
meses de maio e junho deste ano, mas que, ao mesmo tempo, estuda
intervenções a serem feitas até o fim do ano. Até o dia de ontem,
segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o nível
médio dos 153 açudes monitorados pelo órgão é de 12,6%.
Desde quando começou o atual ciclo de seca no sertão cearense, o mês de
maio só registrou chuva dentro da média histórica, que é de 90.6mm, em
2013. Nos demais anos, a pluviometria, segundo a Funceme, sempre esteve
com desvio negativo. Atualmente, no meado do mês, há um déficit de
58.5%. Nessa última série histórica, o período que registrou menos
precipitação foi maio de 2012, com apenas 18.6mm observados.
O governador também ressaltou que o planejamento para o restante do ano
será com base nas negociações da retomada das obras de transposição das
águas do Rio São Francisco entre Cabrobó (PE) e Jati (CE). Nesta
quarta-feira (17), ele segue para Brasília, onde marcará uma nova
reunião com o Ministério da Integração Nacional.
"Nós vamos trabalhar até o último momento para evitar qualquer tipo de
transtorno para a população. Repito: não que o racionamento não seja uma
medida que possa ser usada. Ela é aquela que traz mais prejuízos à
população. O retorno disso às vezes é muito pequeno", declarou Camilo
Santana.
Alternativas
Durante a transmissão de vídeo semanal no Facebook, onde Camilo tira
dúvidas da população, um internauta de Fortaleza questionou o governador
sobre o uso de dessalinizadores. O equipamento trata água de poços ou
mesmo do mar retirando o excesso de sais minerais, micro-organismos e
outras partículas sólidas. O gestor respondeu ao fortalezense lembrando
do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) iniciado em janeiro
pelo Governo. "Esse equipamento vai gerar 2 mil litros por segundo. Será
um reforço para Fortaleza e Região Metropolitana. Brevemente, abriremos
uma licitação para adquirir a máquina".
Outra medida adotada pelo Estado é a perfuração de poços na horizontal.
A perfuradora comprada nos Estados Unidos, estimada em R$7 milhões, já
iniciou a produção de poços no Cumbuco, em Caucaia. Conforme Débora
Rios, diretora de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh), a nova técnica implantada no Estado pode aproveitar melhor os
aquíferos.
"É a primeira vez no País que se usa o poço horizontal de grande
extensão. O comum é na vertical. A nossa previsão de vazão é de 200
litros por segundo. A ideia é tornar o Complexo Industrial e Portuário
do Pecém Independente de Fortaleza e RMF".