Em matéria publicada pelo colunista do jornal O Globo, Lauro
Jardim, com ajuda de Guilherme Amado, grampo revela que Aécio pediu R$ 2
milhões a dono da JBS. Joesley Batista foi quem entregou a gravação à
Procuradoria Geral da República. No áudio, o presidente do PSDB, que é o
mais citado nas delações na Odebrecht, surge pedindo dinheiro ao
empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar
despesas com a sua defesa na Lava Jato.
Segundo a matéria, o diálogo gravado durou cerca de 30 minutos, e o
encontro aconteceu no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo.
“Quando Aécio citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o
defenderia, não pegou o dono da JBS de surpresa. A menção ao advogado já
havia sido feita pela irmã e braço-direito do senador, Andréa Neves.
Foi ela a responsável pela primeira abordagem ao empresário, por
telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os
procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse
não era o verdadeiro objetivo de Aécio”, escreveu Lauro Jardim.
O pedido de ajuda foi aceito, e o empresário quis saber quem pegaria as malas. A matéria divulga o diálogo a seguir:
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você
mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, propôs
Joesley.
“Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o
Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele
sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho”,
respondeu Aécio.
Ainda de acordo com O Globo, Aécio indicou o primo, Frederico
Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Frederico foi diretor da
Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a
presidente em 2014, na área de logística. O diretor de Relações
Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores da empresa,
foi quem levou o dinheiro a Frederico, em quatro entregas de R$ 500 mil
cada uma. Lauro Jardim indica que a PF também filmou uma delas.
As filmagens mostram que, após receber o dinheiro, Frederico
repassou, ainda em São Paulo, as malas para o secretário parlamentar do
senador Zeze Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima. Mendherson levou
a propina de carro para Belo Horizonte em três viagens sempre seguido
pela PF. O assessor negociou para que os recursos fossem parar na Tapera
Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho
de Zeze Perrella. “Não há, portanto, nenhuma indicação de que o
dinheiro tenha ido para o advogado Toron”, conclui o colunista.
Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, recebeu o material na
semana passada, e a PGR diz ter provas para afirmar que o dinheiro não
foi repassado a advogados.