Adicionar legenda |
BRASÍLIA — Presidente do PMDB do Rio, o deputado estadual Jorge
Picciani (RJ), disse que não há “apoio incondicional” que justifique a
permanência da aliança do PMDB no governo do PT. O presidente da
Assembleia Legislativa do Rio disse não apenas que está se afastando do
governo Dilma Rousseff, como já fez sugestões para um governo de Michel
Temer, presidente nacional do partido. Picciani até já dá dicas de como o
vice deverá compor seu futuro ministério.
— Enxuto, com 15 pastas no máximo. Um governo com grandes nomes, que
represente a sociedade civil brasileira, que represente partidos de
forma plural e que aponte para um ajuste fiscal rigoroso — disse ele ao
GLOBO nesta sexta-feira em que completou 61 anos.
Nesta quinta-feira, o PMDB do Rio resolveu retirar seu apoio à gestão de Dilma e
pretende votar majoritariamente a favor do desembarque do governo na
reunião do Diretório Nacional do partido marcada para terça-feira. Sobre
indicar cargos para essa eventual gestão Temer, Picciani disse que não
tomará ações nesse sentido.
— Num eventual governo seu, não vamos indicar ninguém. Posso até,
eventualmente, exercer um cargo de secretário, ministro, mas indicar não
— disse ele, que sugeriu a Temer, na última semana, que proceda um
"ajuste fiscal rigoroso".
Jorge Picciani disse não ver crime de responsabilidade do governo
Dilma, por isso o partido está se afastando do governo em vez de
insistir pela sua queda. Para ele, porém, o “processo social” avançou
muito com os novos acontecimentos. Segundo ele, a presidente Dilma
Rousseff foi incapaz de "construir consensos", a crise avançou "pelo
método PT, e cabe a eles responderem e não ao PMDB". Picciani disse
também que a situação do governo piorou consideravelmente após as
revelações feitas pelo ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral
(Sem partido-MS).
— Eu não me sinto traidor de nada, se alguém deve, são eles (governo) a mim.
Sobre o filho, Leonardo, líder do PMDB na Câmara e que ganhou a
liderança com ajuda do governo, disse que respeita a posição do filho de
continuar com o governo, mas que Picciani filho está "muito à vontade
porque não deve nada ao governo".
O presidente do PMDB do Rio reconheceu que a situação do prefeito
Eduardo Paes na reunião do diretório é complicada, principalmente em ano
de Olimpíadas. Picciani indicou que o prefeito não vai votar na reunião
do diretório, mas que os políticos ligados a ele vão se posicionar pelo
desembarque e que, assim, "vai ficar nítida a posição dele, sem fazer
afronta".