Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, em Salvador, Dunga disse que não se sente ameaçado no cargo de técnico da Seleção Brasileira, apesar das más atuações contra Chile e Argentina e de ter conquistado quatro pontos em nove possíveis. Dunga tem razão.
Por que Dunga estaria ameaçado?
As
Eliminatórias para a Copa de 2018 ainda estão no começo e o Brasil
encarou dois adversários difíceis fora de casa. Perdeu no Chile, empatou
na Argentina e fez valer o fator local contra a Venezuela. Em termos de
resultado, não é uma calamidade. “Estamos no início. O campeonato vai
ser longo, complicado como sempre foi”, disse o treinador. Eis a frase o
absolve e o revela.
Porque, para Dunga e para a CBF, o Brasil
pode seguir jogando mal, desde que faça a pontuação necessária para se
classificar à Copa.
Contra
a Argentina, o Brasil apresentou problemas semelhantes aos da estreia
contra o Chile. Setores distantes, poucas jogadas de ataque bem tramadas
e as tradicionais falhas defensivas. No Castelão, contra a Venezuela,
marcou pressão, se impôs como mandante e conquistou a vitória sem
dificuldades. É o que deve acontecer nesta terça contra o Peru,
adversário que chegou a causar dificuldades ao Brasil na Copa América,
mas que não deve impor maior resistência.
Podemos
não gostar, mas é assim que Dunga vai levar as Eliminatórias até o
final. Especulando pontos fora de casa e procurando vencer os jogos em
casa, como se estivesse disputando o Brasileirão de olho numa vaga no
G4. Estamos em 2015 e ainda há quem espere de Dunga inovações táticas e
futebol vistoso. Não é para isso que ele está na seleção.
Ele
foi chamado pela CBF para montar um time competitivo e classificar o
Brasil à Copa, mas hoje faz mais do que isso. Em um momento de grave
crise política na CBF, com seu presidente que não viaja nem dá as caras,
Dunga acaba sendo a principal figura pública da entidade. Difícil
acreditar que a CBF queira ou tenha condições de retirá-lo dessa função.
Um
dos poucos cenários possíveis para uma queda de Dunga seria, diante de
uma atuação ruim contra o Peru, a CBF aproveitar a virada de ano para
promover uma mudança de rumos e chamar, por exemplo, Tite, o treinador
que nega querer a seleção agora, mas que está sempre se mostrando
disponível. Resta saber se a cambaleante direção da entidade acha
conveniente realizar esse movimento brusco num momento conturbado como o
que está vivendo.