As investigações envolvem casos que deram entrada na Delegacia de
Combate à Exploração de Crianças e Adolescentes (Dececa) desde 2012.
Os presos, que têm entre 21 anos e 61 anos, não tinham ligação entre si
e, nos casos de abuso sexual, muitas vezes, a agressão ocorria no
próprio ambiente familiar. Eles foram conduzidos à sede da Decap, onde
aguardam transferência para o Sistema Penitenciário.
As prisões foram realizadas em Caucaia, Cascavel e Pacatuba, na RMF, e
nos bairros Água Fria, Barra do Ceará, Bom Jardim, Conjunto Ceará, Edson
Queiroz, Genibaú, Granja Portugal, Jardim Guanabara, Jóquei Clube,
Mondubim, Montese, Pici e Rodolfo Teófilo, na Capital.
Além da Dececa, responsável pelos inquéritos, participaram da operação
policiais civis das Delegacias de Capturas e Polinter (Decap), Proteção
ao Turista (Deprotur) e da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas.
Na tarde de ontem, a Polícia apresentou o balanço final da operação em
entrevista coletiva concedida na sede da Deprotur, na Aldeota. A titular
da unidade, delegada Adriana Arruda, destacou o trabalho conjunto. "A
operação foi planejada inicialmente pela Delegacia de Capturas, que
tinha por objetivo cumprir os mandados de prisão contra estupradores. Os
inspetores pediram apoio da Deprotur, e ambos fizeram o planejamento.
Foi levada a ideia ao delegado geral (Andrade Júnior), e nisso entrou a
Divisão de Combate ao Tráfico, que deu apoio e coordenou, além da
Dececa, que foi quem fez os inquéritos", explicou.
Impactos do crime
A delegada titular da Dececa, Ivana Timbó, comemorou o resultado da
operação. "Parabenizamos a iniciativa da Delegacia de Capturas, pois a
Dececa sozinha não teria condições de cumprir esses mandados. Esperamos
que outras operações possam ser repetidas".
Ivana Timbó ainda ressaltou o impacto que o crime sexual causa nas
vítimas, em especial por se tratar de crianças e adolescentes. Segundo
ela, a denúncia é fundamental para que tais crimes não fiquem impunes.
"A violência sexual, em grande parte, acontece na própria família, na
convivência familiar. Quem são esses ofensores? São os pais, padrastos,
tios. Pessoas que estão bem próximas à vítima. Às vezes, são crianças de
tenra idade. É um trabalho bastante delicado e que não pode parar. Um
trabalho difícil pois nem sempre os familiares das vítimas colaboram.
Existe uma tendência grande de os familiares não acreditarem, a menos
que sejam pegos no flagrante".
Na madrugada
Os policiais se reuniram às 4h30 de ontem para que as instruções dos
trabalhos fossem passadas. Às 6h, dividiram-se, buscando os endereços
informados. O diretor da Divisão de Combate ao Tráfico, Sérgio Pereira,
relatou que, em alguns casos, os agentes precisaram ir a três endereços
diferentes para encontrar e prender os acusados.
A diretora-adjunta da Decap, delegada Fabiane Rocha, informou que
alguns dos homens presos já respondem por outros crimes. "Alguns dos
presos são homicidas, respondem por porte de arma de fogo, tráfico de
drogas", detalhou.
Lascívia
Conforme a delegada Ivana Timbó, os trabalhos foram batizados de
'Operação Lascívia' a partir da própria definição do vocábulo no
dicionário. São "pessoas que tem propensão à luxúria, sensualidade
exagerada, lubricidade", explicou.
A Polícia informou que os nomes dos 18 presos, bem como dos demais
alvos da operação que não foram localizados, não são divulgados como
forma de preservar as vítimas e suas famílias. "Muitos dos que foram
presos são pais, tios, irmãos, vizinhos das crianças e adolescentes.
Para denunciar esse crime, procurem a Dececa ou liguem para o número
100", reforçou Ivana Timbó.