Adicionar legenda |
O novo prefeito de Fortaleza não será conhecido no domingo, 2 de
outubro. O próximo administrador da Capital cearense, a partir do
primeiro dia de 2017, só vai ser eleito no dia 30 de outubro, após o
encerramento da votação, no segundo turno, entre Roberto Cláudio (PDT) e
o outro, provavelmente o Capitão Wagner (PR), como vêm sinalizando as
pesquisas sobre a sucessão municipal, por conta da performance de
Luizianne Lins (PT), na terceira colocação, até certo ponto bem
distanciada do segundo colocado, portanto, em situação não tão
confortável, como esperavam alguns, inclusive fora do ambiente petista e
adjacência. No total, hoje, estão sendo disputadas 184 prefeituras e
2.176 vagas de vereadores.
Chegamos, em Fortaleza, ao fim do primeiro turno de uma eleição
diferente de todas as já vivenciadas pelos políticos cearenses nas três
últimas décadas, a partir de quando os eleitores das capitais
brasileiras retomaram o direito de eleger seus prefeitos, encargo
usurpado pelo Regime Militar que se instalou no País no período iniciado
em 1964. No Interior, idem, embora os seus eleitores não tenham sofrido
a mesma restrição dos coestaduanos fortalezenses, e nem tampouco tenham
que participar de um segundo turno (exceção para os de Caucaia, se lá o
mais votado não alcançar os mais de 50% dos votos válidos no domingo). A
novidade, para todos, é fruto da nova regulação do processo eleitoral,
determinada pelas mudanças feitas na legislação no ano passado.
Tocada
Tais alterações no normativo eleitoral, encurtaram o tempo da campanha,
reduziram as fontes financiadoras dos partidos e candidatos com a
exclusão do numerário das empresas, e estabeleceram restrições,
sobretudo no campo da propaganda.
Atônitos, alguns, e desinformados, outros, iniciaram a campanha tocada
ao som de um ritmo novo, difícil de adaptação para todos os políticos e
eleitores, principalmente quanto ao financiamento, levando-se em
consideração não ter o eleitor brasileiro o hábito de colaborar com
ajuda pecuniária para os seus candidatos. Ao contrário, a regra é a de
cobrança dele por benefício a ser dado pelo político, antes e depois da
eleição.
O segundo turno, embora limitado pelas mesmas razões do primeiro, será
menos monótono, por certo. Com dois candidatos, os embates propositivos
serão mais esclarecedores. Até aqui, só o prefeito foi incisivo e
consciente nas suas proposições. Os demais candidatos não primaram no
difundir das suas ideias, embora as tivessem, admitamos.
A superficialidade ou a generalidade tomou conta dos espaços reservados
à discussão da Fortaleza do amanhã. E não se alegue falta de tempo para
as exposições, o contraponto e o convencer ao eleitor. O segundo turno
não comporta frivolidade. Os dois concorrentes terão que ser explícitos
sobre todos os temas tratados.
Fora, por opção do eleitor, pouco ou quase nenhuma influência terão os
seis candidatos menos votados no domingo. Luizianne Lins (PT) e Heitor
Férrer, por suas definidas posições, dificilmente se integrarão aos dois
do grupo da final. Por razões diferentes, ou propriamente ideológicas,
Francisco Gonzaga (PSTU) e João Alfredo (PSOL), também estarão ausentes.
Ronaldo Martins (PRB) e Tin Gomes (PHS), pelo pragmatismo próprios e de
seus partidos, tendem a contribuir, juntos ou isoladamente, na campanha
decisiva para a escolha do futuro prefeito.
Luizianne e Heitor, pelo número de votos que presumivelmente
conquistarão, e isolados de qualquer grupo no segundo turno, tendem a
perder força para disputas futuras. O governador Camilo Santana (PT),
que sempre foi contrário à candidatura de Luizianne, por defender uma
aliança do PT com o PDT do prefeito Roberto Cláudio, será o ancoradouro
de petistas que desgarrarão do grupo da deputada e se integrarão, mesmo
que timidamente, à postulação do prefeito.
Diferente
Não há, pelo menos até aqui notado, fato superveniente a nos indicar
resultado surpreendente ou deveras diferente do aguardado por quem
observa a política, sem o sobressalto dos incautos ou a emoção dos
apaixonados, quanto aos resultados que sairão nas urnas amanhã.
As principais lideranças interioranas, apoiadas pelos respectivos
chefes estaduais, tendem a sair vitoriosos. O eleitor ainda se mostrará
muito tímido quanto a mudar as carcomidas representações políticas, quer
expulsando-as com a derrota nas urnas, quer estimulando-as a desistirem
de pleitear novos mandatos.
A renúncia do prefeito Raimundo Macêdo (Raimundão) de Juazeiro do
Norte, à postulação de um segundo mandato, já agora, próximo do fim da
campanha, é um bom exemplo de cidadania dado pela população daquele
importante Município cearense da Região do Cariri, ao lhe negar apoio
para a empreitada, tamanho foram os desastres do seu Governo.
O exemplo, também, serve de advertência para o futuro prefeito,
possivelmente, segundo a última pesquisa do Ibope, o deputado Arnon
Bezerra (PTB) para a necessidade de recuperar a moralidade
administrativa na terra do Padre Cícero. Nunca uma gestão municipal
naquela terra foi tão deletéria quanto a atual, como provam as ações
resultantes nas intervenções para conter práticas delituosas, incluindo o
afastamento do prefeito do cargo.