Análise destaca recuo do presidente norte-americano após prisão de Bolsonaro.
O jornal The New York Times publicou, nesta segunda-feira (24), um artigo intitulado “O Brasil desafiou Donald Trump e venceu” (“Brazil Defied Donald Trump and Won”, na versão original).
O texto, assinado por Jack Nicas — ex-correspondente do diário no país —, analisa a mudança de postura do governo norte-americano após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.
Nicas inicia lembrando a reação de Donald Trump ao ser informado da detenção do ex-presidente brasileiro no sábado (22).
O republicano limitou-se a dizer que “era uma pena”, um tom bem mais brando que o adotado nos meses anteriores, quando Trump tentou pressionar o governo brasileiro a impedir a prisão do aliado, apelidado por ele de “Trump dos Trópicos”.
Do confronto ao recuo
O artigo recorda que, em julho, Trump enviou uma carta dura ao presidente Lula, pedindo que o governo brasileiro retirasse as acusações de tentativa de golpe contra Bolsonaro.
Naquele mesmo período, os EUA impuseram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e chegaram a sancionar ministros do Supremo Tribunal Federal, numa ofensiva diplomática inédita.
Segundo o NYT, porém, a postura brasileira foi firme: as instituições ignoraram a pressão da maior potência do mundo. Agora, com Bolsonaro prestes a iniciar o cumprimento da pena de 27 anos pelo esquema golpista, Trump teria “praticamente admitido derrota”.
O jornal ressalta que as tarifas impostas ao Brasil foram posteriormente suspensas após uma reunião cordial entre Lula e o presidente norte-americano, indicando uma espécie de “normalização” das relações.
Trump e Bolsonaro: destinos diferentes
Para o New York Times, o episódio expõe o contraste entre os caminhos percorridos pelos dois líderes após contestarem resultados eleitorais.
A análise aponta ainda os limites da capacidade de Trump de influenciar governos estrangeiros e registra que ele demonstrou disposição para abandonar antigos aliados quando as circunstâncias políticas mudam.