Foto Jornal A Praça |
Em
Iguatu, a chegada dos trilhos da ferrovia Transnordestina avança sertão
a dentro na região do distrito de José de Alencar. A localidade, que já
foi cortada pela antiga estrada de ferro, volta a ser movimentada agora
com a espera do trem, só que de carga.
Com
o vai e vem da locomotiva carregada de trilhos, dormentes, a buzina
alta e forte faz com que moradores relembrem saudosos do tempo em que a
comunidade tinha uma estação que era movimentada com a passagem do trem.
“A gente volta a recordar as coisas do passado, a gente volta a nossa
origem, vendo o trem novamente passando aqui pelo Alencar.
Embora
não seja o trem de passageiros como se costumava ver. A gente visitava
os parentes em Fortaleza, e tinha um preço acessível que dava para as
pessoas andar de trem. Daqui a gente ia para o Cedro, para Várzea da
Conceição. Era muito bom”, relembrou a agricultora Gorete Freire, 51,
moradora da comunidade.
As
boas recordações afloram com a chegada dos trilhos. “A gente ficava
aguardando aquele momento de o trem parar aqui no Alencar. Quando
escutava de longe o apito, a gente criança corria para estação ver o
povo. As pessoas que vinham de Juazeiro.
Os
que iam daqui para fora. No tempo das festas de São Sebastião, vinham
também os romeiros. A gente ficava aguardando ansiosa a chegada deles no
trem”, relembrou.
Ainda
para a moradora, era emocionante ver a saída, a cada partida, crianças,
adultos, quem tivesse pela estação acenava para os passageiros que
seguiam cortando o sertão até os destinos. “Era um momento muito
gratificante na nossa vida. A gente quando criança ficava esperando o
trem para acenar para os passageiros.
O
que a gente está vivendo agora é uma volta ao passando, lembrando de
toda aquela história que a gente viveu. Com a chegada desses trilhos,
com a passagem do trem carregado de material, de dormentes, tudo isso
traz recordações. Ainda mais quando para quem nasceu e cresceu na
comunidade e vê tudo isso. Hoje, estou com 51 anos de idade, nasci e me
criei aqui no Alencar”, destacou a agricultora.