Os
cearenses têm enfrentado, além da Covid, um grande número de infecções
de outra virose já conhecida: a dengue. De janeiro a agosto, foram
24.599 casos confirmados – 3.946 a mais do que em 2020 inteiro, conforme
dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
O
crescimento é puxado por Fortaleza, que lidera a lista, com 10.711
confirmações da arbovirose nos oito primeiros meses do ano. Em 2020, até
dezembro, a Capital registrou 7.569 casos de dengue, 3.142 a menos do
que em 2021.
Em
seguida, vêm as cidades de Russas, a cerca de 165 km da capital, com
2.120 casos; Maranguape, na Região Metropolitana, com 931; e Sobral, no
Norte cearense, com 919.
Atualpa
Soares, gerente da Célula de Vigilância Ambiental da Secretaria de
Saúde de Fortaleza (SMS), aponta que o principal fator para o aumento é a
volta do sorotipo 2 da dengue, que não circulava no Ceará há cerca de
10 anos. A reintrodução já era esperada.
“A
população que nunca foi confrontada com ele está suscetível. Quem
nasceu nesse período nunca teve contato. Nos levantamentos sorológicos,
mais de 90% das amostras de infectados em Fortaleza são de sorotipo 2”,
estima Atualpa.
EPIDEMIA DE DENGUE EM 2022
Luciano
Pamplona, epidemiologista e professor do Departamento de Saúde
Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), diz que “qualquer
comparação com 2020 é complicada, porque na pandemia muitas doenças ou
registros diminuíram” – mas reconhece que “sem dúvidas, houve aumento
expressivo de casos de dengue em 2021”.
O
especialista reitera que a predominância do sorotipo 2 é registrada em
território cearense desde o final de 2019, e que há possibilidade de uma
epidemia de dengue no Ceará em 2022.