Conhecido por filmes como Cine Holliúdy” e “O
Shaolin do Sertão”, o cearense Halder Gomes será o responsável pela
direção da cinebiografia do pugilista Maguila, agora com previsão de
estreia para 2022 ou 2023. Nessa empreitada, o filme contará com dois
elementos que Halder entende bem: lutas e comédia,
gênero forte presente nos dois filmes anteriores dirigidos pelo
cearense. Para viver nas telas o pugilista, o ator e ex-BBB Babu Santana
está escalado.
O convite para trabalhar com a história do lutador nordestino partiu
dos produtores do longa e, segundo o cineasta, “foi uma surpresa muito
boa”. “Eles lembraram do meu nome pra dirigir por causa da capacidade de
filmar bem cenas de luta e por eu ser um grande espectador da carreira do Maguila”, declara.
Para o diretor, inclusive, o desafio deste filme será retratar a
realidade que muitas pessoas já viram quase que ao vivo. “Quando a gente
trabalha com biografado tem uma coisa muito delicada que é expor o que
as pessoas já sabem. Você tem aquele cuidado de retratar com o rigor que era na realidade, o que requer muita pesquisa, muito estudo”, afirma.
Um dos responsáveis pela escolha de Halder Gomes na direção, o
produtor do longa, Josmar Bueno, é quem tem relação direta com o alvo da
biografia. Amigo de Maguila desde os cinco anos de idade, ele faz
questão de ressaltar o cuidado com a história do boxeador e de como a produção sempre esteve voltada para retratar a grandiosidade do mesmo.
“A gente deve focar nessa questão do auge do Maguila, dos anos 80. Ele mesmo participa de tudo, está louco para que a gente realize”, inicia.
Sobre as lutas mostradas em cena, Bueno afirma acreditar na
necessidade de trazer para as telas o peso do legado desenvolvido por
Maguila e mantido até hoje.
“É para ser um filme com lutas espetaculares, para
atrair o jovem e ter esse público que busca esse tipo de conteúdo, mas
tem também uma história de ascensão de herói e um arco dramático muito
bem construído. É um longa com os segredos por trás do boxe”, relata
ele, ao deixar claro os contornos além do humor caricato, como também
define.
De acordo com Halder, a equipe conta com o auxílio das cenas
originais nessa empreitada. No entanto, ainda assim, ele também explica
que a reconstituição por meio da linguagem cinematográfica demanda
bastante cautela.
“Vai exigir muito tempo de coreografia para luta, e ensaio da coreografia para a câmera. Requer muito tempo de preparação. As lutas são quase personagens da história”, pontua.
O cineasta garante ainda que as cenas de ação mostrarão uma visão mais detalhada do que acontece próximo ao ringue, como as conversas com os treinadores, os médicos e os juízes.
Protagonista
Ainda sobre o humor, ambos contam da preocupação em retratar
fielmente a essência de Maguila, também conhecido por ser naturalmente
engraçado e por sua autoestima elevada. Essas características serão
mantidas para preservar a identidade do personagem principal, e
consequentemente, acabam deixando um traço cômico na produção. “A figura
do Maguila tem esse toque de comédia sem tentar ser
engraçado, é algo que faz parte do personagem”, explica. Segundo o
diretor, esse comportamento foi uma peça fundamental para que o
pugilista superasse tragédias na família, além do racismo.
Quando Halder passou a integrar a equipe, Babu Santana já estava
escalado para viver Maguila no cinema. Agora, após ter participado com
destaque da vigésima edição do Big Brother Brasil, o artista pode trazer
pontos positivos à visibilidade do longa. Para o diretor, a presença do
carioca como protagonista só tem pontos positivos a agregar.
“O Babu é um grande ator. Eu tenho certeza que vai prestar um grande tributo ao Maguila. Quando você tem um grande ator no elenco é algo que me deixa numa zona de que o vento está a favor”.
Na opinião de Josmar, a pausa nas gravações, ocorrida por conta do
estado de saúde de Maguila e pelas dificuldades de produção
cinematográfica no País, foi encerrada no momento certo. “A gente já
tinha começado essa produção com o Babu e ele já tinha perdido 25 kg
para as gravações, mas teve essa parada no projeto. Com ele saindo do
BBB, pensamos que seria a hora real de voltar a articular, até porque
temos muito pela frente. Devemos levar pelo menos um ano para transformar o Babu no Maguila e ele está muito afim”.
Em relação aos conteúdos produzidos paralelamente ao longa, como a
Websérie sobre a preparação de Babu para o personagem, o documentário e a
biografia, Halder concorda que serão elementos facilitadores para
entender a história do boxeador.
“A preparação do Babu para se adequar ao porte físico do Maguila será
interessante de ser acompanhada. O próprio Josmar tem um acervo de
material muito bom que enriquece o conteúdo principal. Isso proporciona
ao espectador uma riqueza de conhecimento do personagem que vai
favorecer muito o olhar de quem vai assistir ao filme”, afirma.
Mudanças de planos
A produção cinematográfica também foi afetada por causa do
coronavírus, e com o filme “Welcome Maguila” não seria diferente.
Segundo o diretor, atualmente apenas as etapas iniciais podem ser
conduzidas. “O que a gente pode fazer é trabalhar no roteiro, estender com potenciais investidores do projeto e esperar pela ciência”, diz.
Durante esse período de isolamento social, Halder Gomes está dedicado
a finalizar a pós-produção de outro trabalho que ficou responsável pela
direção: “Vermelho Monet”, gravado no ano passado, em Lisboa, com a atriz Maria Fernanda Cândido no elenco.
Mas, por enquanto, para ele, as gravações da cinebiografia terão que
esperar a resolução de questões capazes de afligir a cada um de nós
atualmente. “O mundo está em ‘suspenso’ e eu acredito que a nossa
atividade será uma das últimas a retornar. Já percebemos que o contágio é
muito fácil e a gente precisa de muita interatividade e
de muitas pessoas, principalmente nas cenas de luta”, acrescenta ao
deixar claro a ansiedade pela retomada do projeto especial.