O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro
atentou contra a democracia neste domingo, 15, ao promover as
manifestações pró-Governo em meio à pandemia de coronavírus no País.
"Com requintes de sadismo", completou Santa Cruz.
"O pensamento egoísta de quem não se considera no grupo de risco parece incapaz de ultrapassar o raciocínio mais básico de que ninguém é uma bolha; e que todos cercamos pessoas para as quais a contaminação pode, sim, representar mais que uma gripe qualquer", afirmou. "As renúncias que este momento exige são uma demonstração de compromisso com o coletivo".
"O pensamento egoísta de quem não se considera no grupo de risco parece incapaz de ultrapassar o raciocínio mais básico de que ninguém é uma bolha; e que todos cercamos pessoas para as quais a contaminação pode, sim, representar mais que uma gripe qualquer", afirmou. "As renúncias que este momento exige são uma demonstração de compromisso com o coletivo".
Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, Bolsonaro cumprimentou apoiadores que se manifestavam no Palácio do Planalto. O presidente chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos.
Bolsonaro atropela cartilha sanitária
O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não comentaram até o momento a presença do presidente Jair Bolsonaro em manifestação pró-governo, anti-Congresso e anti-STF, em Brasília. Procurado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), também não comentou o assunto.
O Ministério da Saúde fez recomendações na semana passada para que eventos com aglomerações fossem cancelados, adiados ou realizados sem público. Neste sábado, 14, após pressão do setor de turismo, a pasta recuou e orientou a medida apenas para locais com transmissão local da doença.
Durante a última semana, o ministério evitou se opor a realização de atos pró-Bolsonaro com aglomerações neste domingo. Técnicos da pasta têm dito que cabe bom senso para evitar, por exemplo, ir ao protesto se estiver com suspeita da nova doença.
Grande ativo do Governo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, publicou na última quinta-feira, 12, que “pacientes com suspeita de coronavírus” devessem seguir as recomendações médicas de isolamento e quarentena. “Elas podem ser impostas compulsoriamente, com base na Lei 13979 e na Portaria 356/Min da Saúde. Mas isso não é necessário com autorresponsabilidade. A saúde pública é a lei suprema”, advertiu no Twitter.
Domingo do presidente
Além de participar do ato em Brasília, Bolsonaro passou
o dia compartilhando vídeos e fotos sobre as manifestações no Twitter.
Em uma delas, era possível ler faixas 'Fora Maia', em referência ao
presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), 'Fora STF' e 'SOS Forças
Armadas'. Bolsonaro identificava a imagem como sendo de Maceió, Alagoas.
A foto foi apagada da conta de Bolsonaro.
Santa Cruz escreveu que a promoção dos atos por parte de Bolsonaro "dolosamente aumenta o risco de um pico de contágio pelo coronavírus". "Em um momento de união e prudência, todas as instituições estão se reunindo para suspender eventos, encontros e reuniões, cujas importâncias ficam absolutamente relativizadas diante do interesse maior de proteger nossa população e nosso sistema de saúde".
Santa Cruz escreveu que a promoção dos atos por parte de Bolsonaro "dolosamente aumenta o risco de um pico de contágio pelo coronavírus". "Em um momento de união e prudência, todas as instituições estão se reunindo para suspender eventos, encontros e reuniões, cujas importâncias ficam absolutamente relativizadas diante do interesse maior de proteger nossa população e nosso sistema de saúde".
Bolsonaro x Santa Cruz
Bolsonaro e Santa Cruz têm um histórico longo de
desavenças. Tudo começou em 2011, quando o então deputado federal
afirmou em palestra na Universidade Federal Fluminense (UFF) que
Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da OAB, teria morrido
"bêbado" após pular o carnaval. Militante do grupo "Ação Popular",
Fernando foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto.
À frente da OAB-Rio, Felipe iniciou movimento em 2016 para pedir ao Supremo Tribunal Federal a cassação do mandato de deputado federal de Jair Bolsonaro por "apologia à tortura". Ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura.
No ano passado, já presidente, Bolsonaro falou que poderia "contar a verdade" sobre como o pai de Felipe Santa Cruz desapareceu na ditadura militar.
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse. Bolsonaro questionava a atuação da OAB ao falar das investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada contra o presidente em 2018. Adélio foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu.
Em resposta na época, Santa Cruz afirmou que as declarações de Bolsonaro demonstravam "crueldade e falta de empatia". "Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro - e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos", diz.
À frente da OAB-Rio, Felipe iniciou movimento em 2016 para pedir ao Supremo Tribunal Federal a cassação do mandato de deputado federal de Jair Bolsonaro por "apologia à tortura". Ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura.
No ano passado, já presidente, Bolsonaro falou que poderia "contar a verdade" sobre como o pai de Felipe Santa Cruz desapareceu na ditadura militar.
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse. Bolsonaro questionava a atuação da OAB ao falar das investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada contra o presidente em 2018. Adélio foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu.
Em resposta na época, Santa Cruz afirmou que as declarações de Bolsonaro demonstravam "crueldade e falta de empatia". "Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro - e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos", diz.
O Covid-19 é causado pelo coronavírus Sars-Cov-2.
Por que se chama coronavírus?
O nome "corona" se deve à coroa de espinhos que o
envolve. Esses espinhos estão envolvidos por uma camada de gordura -
retirada das próprias células humanas. Ele entra nessa capa de gordura
para invadir outras células. Sem esta fina capa de gordura, o
coronavírus morre.
Como é a transmissão do coronavírus?
Os coronavírus são transmitidos por ar e por mucosas. O
vírus sobrevive bastante tempo em gotículas de espirro e tosse. Para
evitar contaminação por meio das gotículas, recomenda-se ficar a pelo
menos um metro e meio de pessoas com tosse ou espirrando.
O vírus também está em gotículas aerossóis. Elas são
tão minúsculas e finas que ficam suspensas no ar, e contaminam
principalmente pessoas que estão em ambientes fechados com ar
condicionado.