Quase um bilhão de pessoas em todo o mundo estão confinadas neste domingo, 22, para conter a pandemia de coronavírus, que já deixou mais de 13.000 mortos e pelo menos 300.000 infectados,
enquanto se espalha para novos países, incluindo a Colômbia, que
anunciou sua primeira vítima mortal. A pandemia levou 35 países a
aplicar medidas severas de contenção, que paralisam economias,
transporte e vida cotidiana.
Na Itália, o país mais afetado, a situação está se
agravando, com mais de 4.800 mortes, um terço do total mundial. O
primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou o fechamento de todas as
fábricas não essenciais em uma mensagem televisionada na noite de
sábado.
O país, de 60 milhões de pessoas, é atualmente o epicentro da doença,
que apareceu no centro da China em dezembro e depois se espalhou para o
resto do mundo. A Itália registra um número de mortes semelhante ao da
China continental e ao do Irã — o terceiro país mais afetado do mundo —
juntos e tem uma taxa de mortalidade de 8,6% entre os casos confirmados
da Covid-19, significativamente mais elevada do que na maioria dos países.
Nos Estados Unidos, um terço da população começou a aplicar medidas
de contenção mais ou menos rigorosas em cidades como Nova York, Chicago e
Los Angeles. Outras partes dos Estados Unidos podem reforçar suas
medidas. “É um momento de sacrifício nacional compartilhado, mas também
um momento para cuidar de nossos entes queridos”, disse o presidente
Donald Trump. “Vamos ter uma grande vitória”, acrescentou.
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Os líderes mundiais prometem fazer todo o possível para combater a
pandemia, à medida que o número de mortos e infectados aumenta,
especialmente na Europa. A Espanha anunciou no sábado um aumento de 32%
no número de mortos e o presidente Pedro Sánchez alertou que a população
deve se preparar para “dias muito difíceis”. Na França, o número de
mortos é de 562. A polícia está usando helicópteros e drones para
garantir que as pessoas fiquem em casa conforme o governo decretou.
As medidas sem precedentes para conter a epidemia forçaram o
cancelamento de todos os tipos de eventos esportivos e aumentam a
pressão sobre as autoridades olímpicas para cancelar os Jogos de Tóquio, programados para julho e agosto.
Primeiro caso na Colômbia
Na América Latina, a Colômbia anunciou sua primeira morte por
coronavírus, um taxista de 58 anos de Cartagena que havia transportado
“cidadãos estrangeiros em seu veículo”, disse o ministro da Saúde.
Existem 210 infectados no país. A Bolívia, por sua vez, ordenou que os
cidadãos ficassem em casa a partir desde domingo, e El Salvador decretou
no sábado uma quarentena obrigatória por 30 dias.
A Guatemala anunciou a aplicação de um toque de recolher parcial para
impedir o avanço do vírus, que causou 17 infecções, incluindo uma
fatal. Em outros países da região, como o México, cujas autoridades
resistem a tomar medidas drásticas, muitos cidadãos decidiram se
proteger por conta própria.
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A pandemia de Covid-19, da qual mais de 13 000 pessoas já morreram de
acordo com uma contagem da agência AFP de fontes oficiais, afundou as
bolsas de valores mundiais e os Estados Unidos, a primeira economia do
planeta, preparam um plano de ajuda que poderia chegar a um trilhão de
dólares. Em Nova York, o governador Andrew Cuomo disse que a situação
pode durar meses. “Não acho que em uma cidade desse tamanho seja
possível que as pessoas mantenham a quarentena por mais de três semanas
antes de começarem a perder a paciência”, disse Yona Corn, 35 anos.
A Food and Drug Administration dos EUA aprovou o primeiro teste para
detectar o coronavírus que fornece o resultado em 45 minutos. O
vice-presidente Mike Pence e sua esposa tiveram resultados negativos
para o coronavírus, segundo anunciou o vice-presidente no sábado, apesar
de ter tido contato com funcionários de seu serviço infectados.
Fechamento na Índia
As medidas drásticas de confinamento seguem o exemplo da China, onde o
fechamento da província de Hubei parece ter valido a pena. Foi em
Wuhan, capital da província, que o vírus apareceu pela primeira vez.
França, Itália, Espanha e outros países europeus ordenaram que as
pessoas ficassem em casa, em alguns casos sob ameaça de multas.
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A Austrália pediu aos seus cidadãos para cancelar suas viagens dentro do país.
No Reino Unido, bares, restaurantes e teatros fecharam, e as
autoridades pediram aos cidadãos que não comprassem grandes quantidades
de comida.
A China anunciou neste domingo seu primeiro contágio local em quatro
dias. O número de casos na China continental caiu drasticamente, mas
agora a Ásia teme a chegada de casos “importados” da Europa e de outras
partes do mundo.
A Tailândia anunciou hoje seu maior aumento de casos em um dia, elevando o total para cerca de 600.
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Na Índia, foi declarado um dia de “quarentena auto-imposta”.
Embora, por enquanto, os idosos e aqueles com outras doenças sejam as
principais vítimas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os
jovens também são vulneráveis.
As taxas de infecção são incertas porque muitos países não realizam testes.
Na África, onde as infraestruturas de saúde são muito limitadas e as
medidas de distanciamento social são difíceis de aplicar, o coronavírus
infectou mais de 1.000 pessoas.
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O Oriente Médio também está em alerta. O Irã, um dos países mais
afetados, anunciou neste domingo 129 novas mortes, mas as autoridades
não querem impor medidas de confinamento no momento.
(Com AFP)