O
novo ministro da Educação, o economista Abraham Weintraub, concedeu
entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, no qual afirmou que ‘ficará
vigilante’ com ‘tudo que sair’ da pasta — desde livros didáticos até a
material de divulgação — e estará atento ao que chama de ‘sabotagens’.
Durante
a entrevista, o novo ministro afirmou que seu nome surgiu para o
presidente Jair Bolsonaro surgiu na viagem para Israel. Questionado se
sua indicação era uma vitória do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni (DEM), Weintraub afirmou que ele ‘se assustou’ ao receber a
notícia.
Ainda
sobre sua indicação, comentou a influência do filósofo Olavo de
Carvalho. Para o ministro, o governo de Bolsonaro ‘é uma bandeira’ e
‘atrás dessa bandeira, há vários grupos: monarquistas, militares,
evangélicos, liberais e olavistas’.
“Não
estou nesse grupo [olavistas], mas gosto de muitas ideias dele. São
disruptivas, ideias novas e criativas e com grau de acerto para entender
a realidade. Ele é um cara muito inteligente. Falar que ele não tem
papel grande na mudança de pensamento que houve no Brasil é uma loucura.
Foi um cara que influenciou muito. Ele tem ótimas ideias, mas não
concordo com tudo.”, afirmou na entrevista.
Bolsa Família e problema de disciplina nas escolas
O
ministro comentou em sua entrevista sobre o programa do governo, que
fala do problema de disciplina nas escolas. Afirmou que não tomará
medidas no curto prazo, mas cogitou que seja retirado o recurso do Bolsa
Família dos familiares do aluno envolvido em qualquer tipo de problema
com agressão.
“No
curto prazo, não faremos nada nesse aspecto. Mas sou a favor de seguir a
lei. Se o aluno agride, o professor tem de fazer boletim de ocorrência.
Chama a polícia, os pais vão ser processados e, no limite, tem que
tirar o Bolsa Família dos pais e até a tutela do filho.
A gente não tem
que inventar a roda. Tem que cumprir a Constituição e as leis ou
caminhamos para a barbárie. Hoje há muito o ‘deixa disso’, coitado’. O
coitado está agredindo o professor. Tem que registrar, o pai tem que ser
punido. Se não corrigir, tira a tutela da criança”, disse Weintraub
Combate ao “marxismo cultural” e ao PT
O
novo ministro defende também que seja combatido o que ele chama de
‘marxismo cultural’. Questionado sobre pelo Estadão, Weintraub fez
questão de afirmar que, no curto prazo, seu plano é tomar cuidado com
tudo que vai sair do MEC. Afirmou, também, que sua ida para a pasta não
trata de ‘caçar o comunismo’.
No
curto prazo, tomando cuidado com tudo o que vai sair do MEC, como
livros didáticos. Vou te dar um exemplo que está bem documentado: quando
chegamos aqui na Casa Civil começamos a dialogar com os caminhoneiros.
Lá pelas tantas, dois infiltrados soltaram um comunicado dizendo que
caminhoneiro era sem vergonha. Era sabotagem. Eles foram desligados.
Ainda tem gente que vai sabotar. Estamos preocupados com vazamentos, com
sabotagens. Mas não estou indo lá caçar ninguém. Não sou caçador de
comunistas. Não gosto do comunismo, mas aceito o comunista. Quero a
redenção dele”, afirmou o ministro.
O
novo ministro também falou sobre o PT, partido que ficou 13 anos no
poder, entre 2003 e 2016. Para ele, que em palestra recente afirmou
temer pela volta do PT ao poder, a estratégia de impedir que o partido
faça esse movimento passa pela Educação.
“Uma
pessoa que sabe ler e escrever e tem acesso à internet não vota no PT.
A matemática é inimiga do obscurantismo. Eu não sou contra o petista.
Tenho amigos que são petistas. Pessoas boas que não conseguem se
livrar”, afirma. “Mais do que termos um livro que diga a história,
precisamos de uma versão que considero mais correta. Porque houve uma
desconstrução da história do Brasil. A gente teve grandes heróis. Esse
“nunca antes na história do Brasil” é muito nefasto. A gente teve
figuras fantásticas. O Brasil é um dos poucos países do mundo em que
você não teve “founding fathers”, mas “founding mothers”: Anita Garibaldi, Princesa Isabel, Dona Leopoldina. Você teve figuras como Jose Bonifácio, irmãos Rebouças”.