A Polícia Federal (PF), com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU),
deflagrou, na manhã desta sexta-feira (5), a Operação Afiusas, para
combater e desarticular organização criminosa especializada em fraudes a
licitações públicas e desvio de verbas federais na Prefeitura de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Segundo a CGU, o prejuízo aos cofres públicos apontado em um dos contratos é superior a R$ 14 milhões.
Cerca de 120 policiais federais e 18 auditores da CGU cumpriram 8 mandados de prisão temporária
e 28 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 11ª Vara da Justiça
Federal em Fortaleza. Seis pessoas foram presas e duas estão foragidos
no exterior.
Treze mandados de prisão, incluindo gestores da prefeitura foram
solicitados pela PF, mas a Justiça Federal só concedeu oito para
empresários. Um dos presos e líder da organização criminosa é um português.
Foram apreendidos mais de 300 mil reais em uma residência e dez armas durante a operação.
Conforme a PF, a organização criminosa atuava desde 2009 na prática
reiterada de desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro, por
meio de contratações milionárias fraudulentas, com empresas do ramo de
construção civil, durante duas gestões consecutivas do
ex-prefeito, Washington Luiz de Oliveira Gois, o 'Dr. Washington', no
período de 2009 a 2016.
Os envolvidos poderão responder pelos crimes de associação criminosa,
fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, corrupção ativa e
passiva, de acordo com o nível de participação.
A Polícia Federal irá dar mais detalhes sobre a Operação em coletiva
de imprensa, às 10h30, na sede da Superintendência no Ceará, no bairro
de Fátima, em Fortaleza.
Duas operações na RMF
Além da Operação Afiusas, a Polícia Federal deflagrou nesta manhã a Operação Dínamo, em conjunto com a Força Nacional de Segurança, para desarticular o grupo criminoso responsável pelos ataques com explosivos a torres de transmissão
de energia da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) em
Fortaleza e Maracanaú. Os atentados ocorreram na noite da segunda-feira
(1º).
Durante a operação, duas pessoas foram presas e cinco armas foram apreendidas.
Grupo é suspeito de atuar também em Fortaleza e Maracanaú
As investigações apontaram que o grupo atuava em três núcleos:
colaborador, político e empresarial, sendo este último o líder
do esquema. A suspeita é de que o grupo tenha fraudado licitações e
desviado recursos federais em Fortaleza e Maracanaú e outros municípios.
De acordo com a CGU, em 2016 os auditores
constataram "irregularidades em contrato firmado pela Prefeitura de
Caucaia (CE) com um grupo de empresas, para execução de obras de
pavimentação em pedra tosca e drenagem em vias de diversos bairros". Os
recursos federais vinham de um financiamento no valor global de R$ 52
milhões e eram repassados para o Programa Pró-Transporte.
O órgão afirma que uma fiscalização constatou indícios de fraude
em aditivos contratuais que geraram um prejuízo potencial superior a R$
10 milhões, além de uma "execução de serviços de pavimentação em pedra
tosca em desacordo com as especificações pactuadas, causando um prejuízo
de cerca de R$ 4 milhões", destacou a CGU em nota.