De acordo com estudo recente
conduzido pela Universidade Nacional da Austrália (ANU), o centro da
Terra — seu núcleo, para ser mais exato — é constituído de uma solidez
elástica, similar ao ouro e à platina. Conduzida pelos especialistas
Hrvoje Tkalčić (professor associado) e Than-Son Phạm (estudante de
Ph.D), a pesquisa pode nos ajudar compreender melhor a formação do nosso
planeta e como ele evoluiu ao longo das eras.
O estudo trouxe um novo método de detecção das chamadas “ondas de
cisalhamento”, ou, dentro do jargão astronômico, “Ondas J”. Tais ondas
são consideradas um marco, extremamente difíceis de serem detectadas por
serem muito pequenas e impossíveis de serem observadas por metodologias
comuns. Assim sendo, os pesquisadores usaram o método de “correlação de
campos de ondas”, que observa as similaridades entre dois sinais em
receptores após um grande terremoto (normalmente, observa-se as ondas em
si). Uma técnica similar mede a espessura da camada de gelo na
Antártida.
"Nós jogamos fora as primeiras três horas de dados de um sismógrafo e
estamos olhando para o intervalo de três a dez horas após um terremoto.
Queremos descartar os sinais maiores”, disse o Dr. Tkalčic.
"Usando uma rede global de estações, nós usamos cada par de receptores e cada terremoto de grande escala — isso gera inúmeras combinações — e medimos as semelhanças entre os sismógrafos. O nome disse é ‘correlação cruzada’, ou ‘medida de semelhança’. Por meio delas, construímos um gráfico de correlação global — uma espécie de ‘impressão digital’ da terra”.
O resultado disso é a demonstração da existência de ondas de
cisalhamento e a sua velocidade de trânsito no núcleo terrestre. Mas,
segundo Dr. Tkalčic, essa não é a parte mais interessante: “Nós ainda
não sabemos qual a temperatura do núcleo central, ou a sua idade ou o
quão rápido ele se solidifica, mas, com estas novas informações, estamos
lentamente chegando lá”.
A pesquisa foi publicada na revista Science.