
Imagem: divulgação
Provavelmente
já aconteceu com você: num relacionamento, o sexo é ótimo, aí – por uma
razão ou outra – a fonte seca. No começo você provavelmente é
compreensivo; talvez seu parceiro esteja estressado com o trabalho. Mas
aí você começa a ficar um pouco mais irritado. Ressentido. Até puto.
Logo, você está pronto para brigar – o tipo de briga que começa com “Só
acho engraçado que...” e acaba com alguém explodindo e acabando no sofá
da sala que você já queria trocar porque é impossível dormir nele. E
aqui está você, rangendo os dentes, imaginando onde deu tudo errado.
Essa
reação? Bastante comum. A raiva? É válida. Mas o que realmente
acontece? Alguns afirmam que ficar muito puto da sua cara quando você
não faz sexo vem da falta dos químicos do “bem-estar” – dopamina, oxitocina, todas aquelas endorfinas
– que as transas liberam no seu cérebro. Essa é uma parte, mas não
conta a história toda. Sem querer ser grosso aqui, mas todo mundo sabe
que aquele autoamor putaço no banho não vai compensar o fato de que a
pessoa que você ama não está disposta a partir pro lado físico,
independente de quanta dopamina uma punheta ou siririca libere na sua
cabeça.
Não é surpresa então que
quando o desejo do parceiro começa a cair – talvez por stress,
depressão, cansaço ou porque a frequência do sexo tende a cair mesmo
conforme um relacionamento progride – interpretamos isso como um sinal
de que algo está errado.”
Como nossa mente é capaz de feitos
incríveis, como transformar preocupações válidas em uma montanha de
ansiedade, a falta de sexo pode ser interpretada de maneira incorreta.
“A pessoa pode interpretar essa queda no desejo como sinal de que o
parceiro não a acha mais atraente, não gosta mais de fazer sexo com ela,
ou não quer mais estar com ela, mesmo se nada disso for verdade”, diz
Gesselman.
Mas
como todo mundo sabe, uma coisa não precisa ser verdade para te fazer
perder o sono. E como pedir sexo te coloca numa posição vulnerável –
sim, mesmo se vocês estão juntos há anos – ser rejeitado pode ativar
inseguranças que você já carregava de um relacionamento para outro. E
isso desencadeia toda a raiva e irritação. Mas não há razão para se
criticar por causa disso, porque essa ativação geralmente está fora do
seu controle consciente. Na verdade, isso volta até sua infância, quando
você aprendeu a se ligar aos outros criando laços com seus pais.
“Há
diferenças individuais bem documentadas em estilo de ligação Algumas pesquisas mostraram que pessoas com estilos de
ligação mais ansiosa – que se preocupam mais com se o parceiro pode
deixá-las, que precisam de mais validação – têm mais chance de ver o
sexo como um tipo de medida da estabilidade do relacionamento.”
“Para
essas pessoas, o parceiro não querer sexo pode ser muito perturbador,
porque elas colocam mais peso no sexo como um marcador de segurança”,
ela acrescenta. Vanessa Marin, uma terapeuta de Los Angeles, concorda.
Ela vê esse problema com frequência em seu consultório e mesmo
insistindo que é comum, ela também diz que a intensidade dos sentimentos
que surgem quando o sexo está na mesa muitas vezes surpreende.
“Alguns
casais parecem pensar que o sexo é só sexo”, diz Marin, “mas é muito
mais que isso. Seu parceiro não toma a iniciativa só porque quer ter um
orgasmo. Claro, essa é a parte divertida do sexo, mas na verdade é mais
sobre dar prioridade ao outro e ao relacionamento sobre milhões de
coisas que disputam nossa atenção. Se seu parceiro dispensa o sexo
porque está trabalhando em e-mails ou só vegetando na frente da TV, isso
manda uma mensagem de que há coisas mais importantes que passar tempo
com você”.
E
aqui vem um problema maior: quando você está puto e não quer falar
sobre isso, seu parceiro nota. E a tensão que vai crescendo? Marin diz
que isso pode broxar o parceiro, criando um ciclo negativo que ela já
viu muitas vezes. Mas falar sobre esses sentimentos também não é fácil.
“Não estamos equipados para falar sobre esses sentimentos de rejeição e
lidar com eles”, diz ela, “então deixamos a tensão crescer dentro de nós
e mexer com todos esses outros sentimentos antigos de rejeição. Isso te
leva de volta para a escola e ser escolhido por último pro time de
queimada”.
Então o que você pode fazer se não está transando e
começa a se sentir irritado? Tudo depende da comunicação, não importa
quão constrangedora e desconfortável seja. Em seu consultório, diz
Marin, ela trabalha ajudando casais a entender que eles não estão
trabalhando para nunca serem rejeitados na hora do sexo, mas para ser
capaz de entender e processar os sentimentos que vêm com a rejeição.
Isso, por sua vez, permite que os parceiros falem claramente sobre seus
desejos. Isso significa brigar menos e passar mais tempo juntos. E muito
menos ressentimento.
Redefinir
o que o sexo significa para vocês como casal também é útil para cortar
sentimentos de rejeição e ressentimento.
“Muitos casais tendem a
considerar coito o padrão”, diz Marin. “Você precisa criar um cardápio
maior. Tem muitos jeitos de fazer sexo, mas acabamos perdendo a
criatividade e passamos a fazer a mesma coisa de sempre.” Então se seu
parceiro recusar o sexo porque está entediado com a coisa toda – às
vezes demora demais, sabe? – então talvez seja hora de considerar o
coito só uma parte da experiência que visa aproximar vocês.
“E se
uma pessoa fizer sexo oral na outra?”, pergunta Marin. “E se uma pessoa
falar putarias enquanto a outra se masturba? E se vocês assistirem
pornô juntos? Tem muitas outras coisas que você pode fazer, e quando
você percebe que há uma grande variedade de coisas para escolher e o
tipo de esforço que cada uma exige, fica muito mais fácil dizer 'OK, não
estou com vontade de fazer nada pra mim agora, mas posso falar umas
putarias, ficar nu enquanto você se masturba, te fazer uma punheta
rápida ou só deitar do seu lado'.”
Mais uma coisa que pode
ajudar? Ver a vida sexual como algo que exige tempo e esforço em vez de
algo que simplesmente acontece quando você está com a pessoa certa.
Segundo uma nova pesquisa
da Universidade de Toronto, pessoas que veem suas vidas sexuais como um
processo de desenvolvimento tendem a se sentir melhor em trabalhar
essas questões dentro do relacionamento. Então, da próxima vez que seu
parceiro dispensar o sexo, se permita sentir todos esses sentimentos,
mas não os prenda. Tente algo novo – e sim, incluindo falar sobre isso.