quinta-feira, 20 de julho de 2017

Uruguai começa a vender maconha de uso recreativo nas farmácias

Pote com maconha; erva começou a ser vendida em farmácias no Uruguai  (Foto: Raúl Martínez/EFE)
O Uruguai começou a vender nesta quarta-feira (19/07) maconha para uso recreativo nas farmácias, como resultado de uma pioneira lei de 2013, em um fato único no mundo que transforma o país no primeiro a aplicar um controle estatal sobre a produção e compra e venda desta droga.
saiba mais

A venda começou em 16 farmácias de 11 dos 19 departamentos do país, de menos de 3,5 milhões de habitantes e com mais de mil destes estabelecimentos em todo o território.

As 4.959 pessoas registradas até agora como adquirentes de maconha em farmácias poderão comprar a partir de hoje a substância em vasilhas de cinco gramas a um preço de 187,04 pesos uruguaios (cerca de R$ 20).
Cada pessoa poderá comprar um máximo de 10 gramas por semana e até 40 gramas ao mês.

Serão distribuídas duas variedades de maconha, que foram denominadas como Alfa I e Beta I, ambas com uma média de 2% do componente psicoativo tetrahidrocanabinol (THC).

A Alfa I é um híbrido de predominância índica e 7% de cannabidiol (CBD) e lhe são atribuídos efeitos psicoativos que se manifestam em nível físico.

Por sua parte, a Beta I é um híbrido de predominância sativa com 6% de CBD com a atribuição de efeitos psicoativos em nível cerebral.

Cultivo de maconha no Uruguai - maconha - planta - erva - uso recreativo - uso medicinal (Foto: Raúl Martínez/EFE)
No momento da compra, os consumidores não necessitarão revelar nenhum tipo de dado pessoal, já que terão acesso à erva com um sistema que reconhece sua impressão digital.

A venda da maconha em farmácias completas as três vias previstas na Lei de Regulamentação da Maconha aprovada em 2013 durante o governo do então presidente José Mujica (2010-2015) para o acesso de uso recreativo a esta droga, junto com o autocultivo e os clubes cannábicos, habilitados desde 2014.

A produção que circula a partir de hoje nas farmácias foi cultivada com sementes que chegaram do exterior por meio de duas empresas adjudicatárias do Estado, Symbiosis e International Cannabis Corp.

"Foi um esforço sumamente importante", declarou à Agência Efe o engenheiro agrônomo Eduardo Blasina, sócio da Symbiosis, que acrescentou que, durante os três anos e meio que se passaram desde a aprovação da lei até a distribuição da substância, a empresa trabalhou sem receber "nem um peso".
As plantas, que foram cultivadas em um prédio contíguo ao Presídio de Libertad, uma prisão situada no departamento de San José, ao sudeste do Uruguai, são "suaves em sua composição", segundo detalhou o engenheiro agrônomo.

"Não vão dar uma experiência transformacional de percepção, simplesmente vão permitir desfrutar do sabor e de uma sensação muito leve", comentou Blasina a respeito da substância que o Estado oferece nas farmácias.

Neste sentido, considerou que aquelas pessoas que querem experimentar sensações "mais sofisticadas" podem ter acesso à substância através das outras duas vias, o cultivo doméstico ou os clubes cannábicos.

As três vias de acesso à substância são excludentes entre sim e requerem o registro perante o Instituto de Regulamento e Controle do Cannabis (Ircca), encarregado de fiscalizar e controlar a regulamentação e implementação da lei.