O Uruguai
começou a vender nesta quarta-feira (19/07) maconha para uso recreativo
nas farmácias, como resultado de uma pioneira lei de 2013, em um fato
único no mundo que transforma o país no primeiro a aplicar um controle
estatal sobre a produção e compra e venda desta droga.
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A
venda começou em 16 farmácias de 11 dos 19 departamentos do país, de
menos de 3,5 milhões de habitantes e com mais de mil destes
estabelecimentos em todo o território.
As 4.959 pessoas
registradas até agora como adquirentes de maconha em farmácias poderão
comprar a partir de hoje a substância em vasilhas de cinco gramas a um
preço de 187,04 pesos uruguaios (cerca de R$ 20).
Cada pessoa poderá comprar um máximo de 10 gramas por semana e até 40 gramas ao mês.
Serão
distribuídas duas variedades de maconha, que foram denominadas como
Alfa I e Beta I, ambas com uma média de 2% do componente psicoativo
tetrahidrocanabinol (THC).
A Alfa I é um híbrido de
predominância índica e 7% de cannabidiol (CBD) e lhe são atribuídos
efeitos psicoativos que se manifestam em nível físico.
Por
sua parte, a Beta I é um híbrido de predominância sativa com 6% de CBD
com a atribuição de efeitos psicoativos em nível cerebral.
No
momento da compra, os consumidores não necessitarão revelar nenhum tipo
de dado pessoal, já que terão acesso à erva com um sistema que
reconhece sua impressão digital.
A venda da maconha em
farmácias completas as três vias previstas na Lei de Regulamentação da
Maconha aprovada em 2013 durante o governo do então presidente José
Mujica (2010-2015) para o acesso de uso recreativo a esta droga, junto
com o autocultivo e os clubes cannábicos, habilitados desde 2014.
A
produção que circula a partir de hoje nas farmácias foi cultivada com
sementes que chegaram do exterior por meio de duas empresas
adjudicatárias do Estado, Symbiosis e International Cannabis Corp.
"Foi
um esforço sumamente importante", declarou à Agência Efe o engenheiro
agrônomo Eduardo Blasina, sócio da Symbiosis, que acrescentou que,
durante os três anos e meio que se passaram desde a aprovação da lei até
a distribuição da substância, a empresa trabalhou sem receber "nem um
peso".
As plantas, que foram cultivadas em um prédio
contíguo ao Presídio de Libertad, uma prisão situada no departamento de
San José, ao sudeste do Uruguai, são "suaves em sua composição", segundo
detalhou o engenheiro agrônomo.
"Não vão dar uma
experiência transformacional de percepção, simplesmente vão permitir
desfrutar do sabor e de uma sensação muito leve", comentou Blasina a
respeito da substância que o Estado oferece nas farmácias.
Neste
sentido, considerou que aquelas pessoas que querem experimentar
sensações "mais sofisticadas" podem ter acesso à substância através das
outras duas vias, o cultivo doméstico ou os clubes cannábicos.
As
três vias de acesso à substância são excludentes entre sim e requerem o
registro perante o Instituto de Regulamento e Controle do Cannabis
(Ircca), encarregado de fiscalizar e controlar a regulamentação e
implementação da lei.