segunda-feira, 12 de junho de 2017

Médica que omitiu socorro a menino de 1 ano chega para depor em delegacia

A médica Haydee Marques da Silva, de 66 anos, chega para prestar depoimento na 16ª DP, na Barra da Tijuca
A médica Haydee Marques da Silva, de 66 anos, chega para prestar depoimento na 16ª DP, na Barra da Tijuca Foto: Márcio Alves / Agência O Globo


Aguardada para prestar depoimento, a médica Haydee Marques da Silva, de 66 anos, que não socorreu o pequeno Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e 6 meses, na última quarta-feira, chegou na 16ª DP (Barra da Tijuca), na manhã desta segunda-feira, para contar sua versão dos fatos. Ela não quis falar com a imprensa.

Em entrevista exclusiva ao Extra neste domingo, Haydee admitiu que não atende crianças. Ela conta que saiu do condomínio onde o menino morava com os pais, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, após discutir com o motorista da ambulância. 

Breno, que sofria de uma doença neurológica chamada síndrome de Ohtahara (uma epilepsia muito severa), morreu uma hora e meia depois, esperando outro atendimento médico.

— Quando me passaram o atendimento, na porta do condomínio, eu vi o nome, o plano, a idade e o que o paciente tinha. E eu disse que não ia atender por ser uma criança muito pequena e que já tinha um profissional de saúde (técnica de enfermagem do Home Care) em casa, sem falar que não era um caso grave. Não atendo criança. Isso não foi omissão de socorro, já que não era um caso grave. O menino não faleceu imediatamente, morreu só depois de uma hora e meia — justifica a médica, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1978.

Breno tinha um ano e seis meses e sofria de epilepsia
Breno tinha um ano e seis meses e sofria de epilepsia Foto: Arquivo pessoal
Além da médica, a delegada assistente Isabelle Conti também pretende ouvir um dos porteiros do edifício onde seria feito o atendimento e a técnica de enfermagem, que estava dentro da ambulância.
 
Haydee é investigada por homicídio culposo, quando não há intenção de cometer o crime. No entanto, ela pode passar a responder por homicídio doloso (quando há intenção), caso fique provado que tinha consciência de que a demora no atendimento da criança poderia resultar em complicações que levassem à sua morte.

Rhuana Lopes Rodrigues, mãe do pequeno Breno, discorda da médica. Ela garante que foi omissão de socorro:

— Quando ela chegou meu filho não estava engasgado mesmo, mas estava precisando de socorro para não chegar ao ponto de engasgar. A central de atendimento da Cuidar me ligou antes de ela chegar à nossa casa e eu fiquei minutos explicando o que o Breno tinha — contou.

O advogado da mãe do Breno, Gilson Moreira disse que vai processar a médica, a Cuidar Emergências Médicas e a Unimed.
 
— Acho que as razões que ela apresenta não têm nenhum fundamento. O que ela devia fazer naquele momento era sair da ambulância, subir no apartamento e prestar o socorro devido.