Um grande incêndio registrado na terça-feira à noite em um
arranha-céu residencial de 27 andares na zona oeste de Londres deixou ao menos seis mortos e 50 pessoas foram levadas a cinco hospitais diferentes, segundo o Serviço de Ambulâncias de Londres.
—
Há vários mortos. Não posso confirmar o número no momento pelo tamanho e
complexidade do edifício — afirmou a comandante dos bombeiros da
capital britânica, Dany Cotton.
As
autoridades não determinaram até o momento a origem do incêndio na
Grenfell Tower. Sabe-se, no entanto, que o edifício passou por uma
recente reforma que incluiu a instalação de um novos revestimento
externo e sistema de aquecimento central. O custo da obra, concluída em
maio de 2016, foi de 8,7 milhões de libras. As autoridades investigam
por que o prédio não dispunha de sistema de detecção e alarme de
incêndio.
Testemunhas da tragédia afirmaram
que viram pessoas caindo ou saltando da torre residencial de 120
apartamentos e ao menos um morador agitando um lençol branco em um dos
andares do edifício. Ao menos 600 pessoas moravam no prédio.
Muitas pessoas estão desaparecidas após o incêndio, informou o prefeito de Londres, Sadiq Khan.
—
Muitas pessoas estão desaparecidas. Algumas delas podem ter encontrado
refúgios seguros nas casas de vizinhos ou amigos — disse Khan ao canal
Sky News.
A polícia isolou uma parte dos
edifícios e das casas próximas, ameaçadas pela queda de parte da torre
ou inclusive o colapso do prédio.
Quase 200
bombeiros lutavam contra as chamas na manhã desta quarta-feira. Sete
horas após o início do incêndio ainda era possível observar as chamas
dentro da Grenfell Tower, um edifício construído em 1974 na área norte
de Kensignton, perto do famoso bairro de Notting Hill e a 10 minutos da
famosa Portobello Road.
— O fogo vai do 2º ao 27º andar — anunciaram os bombeiros de Londres, que foram alertados às 1h15m (21h15m de Brasília).
O
diretor-assistente do Sistema de Ambulâncias de Londres, Stuart
Crichton, afirmou que mais de cem médicos atuam para socorrer as
vítimas.

'VI UMA PESSOA CAIR'
Do
outro lado de Londres se observava uma coluna de fumaça. Ao menos 50
pessoas ficaram feridas, anunciaram mais cedo os serviços de emergência.
Várias testemunhas relataram que ouviram gritos dentro do imóvel.
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Estavam presos. Não conseguiam descer, especialmente dos andares
superiores, as pessoas ficaram queimadas. Vi pessoas saltando — disse um
homem identificado como Daniel à rádio BBC.
Hanan
Wahabi, de 39 anos, disse que escapou com o marido, o filho de 16 anos e
a filha de 8, mas teme por seu irmão e sua família que moram no 21º
andar.
— A última vez que o vi estava na
janela, com a sua mulher e os filhos — afirmou no centro comunitário
Rugby Portobello. — Não soube de mais nada sobre eles desde então, o
telefone não funciona, a linha fixa também não. Isso foi às 2h (22h de
terça-feira de Brasília, completou.

Eddie, 55 anos, morador do 16º andar, disse que abandonou seu apartamento com uma toalha no rosto para tentar evitar a fumaça.
— Não era possível ver nada. Eu corri para as escadas. Várias pessoas não conseguiram sair do edifício — disse.
Jody Martin disse à BBC que conseguiu chegar ao segundo andar, onde uma fumaça sufocante dominava o ambiente.
—
Vi uma pessoa cair, vi outra mulher com seu bebê do lado de fora da
janela, ouvi gritos, gritei para que descessem e diziam que não
conseguiam sair dos apartamentos porque a fumaça era muito intensa nos
corredores — contou.

DENÚNCIAS DE MORADORES
De
acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores
reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e
dos possíveis riscos de incêndio.
"É um caso
crítico, pois durante as obras há apenas uma entrada e saída na
Grenfell Tower", afirmava o blog de um grupo de moradores.
"O
risco de um incêndio nas áreas comuns do hall de entrada é dificilmente
imaginável, os moradores ficariam presos no edifício, sem nenhuma
possibilidade de escapar", completava o blog.
O escritor e ator britânico Tim Downie, que mora na região, expressou o seu "horror".
"Todo o imóvel foi destruído pelas chamas. É uma questão de tempo antes de desabar", afirmou.