quarta-feira, 1 de março de 2017

Após 33 anos, Portela vence o título do Carnaval do Rio


A Portela sagrou-se campeã do Carnaval do Rio de Janeiro pela 22ª vez na sua história, em um ano marcado por graves acidentes no Sambódromo, que deixaram ao menos 32 pessoas feridas. A escola não vencia desde 1984 – há 33 anos.

Sob o comando de Paulo Barros, a azul e branco falou sobre rios em seu desfileO enredo fez referência a um dos grandes nomes da escola, Paulinho da Viola, com o lema “Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar”, versos de uma de suas mais conhecidas canções. Civilizações que iniciaram seus processos de organização social ao leito de rios nortearam parte do desfile. A escola também lembrou a tragédia na barragem da Samarco, em Mariana (MG), com o carro alegórico “Um Rio que Era Doce”. 

O título foi decidido no último quesito, Enredo. A agremiação superou a Mocidade Independente de Padre Miguel, que ficou em segundo lugar. A escola campeã só perdeu nota em dois pontos: Comissão de Frente e Samba-enredo. Mas, neste último, a nota acabou descartada (pelas regras, a menor dos quatro jurados não conta). Dessa forma, a Portela garantiu 269,9 pontos dos 270 possíveis. A rival ficou com 269,8. Na sequência, aparecem Salgueiro (269,7) e Mangueira (269,6). 

Fundada em 1923, a azul e branco havia ficado em 3º lugar em 2016; agora volta ao topo do Grupo Especial. O último título da Portela, de 1984, é envolvido em polêmica. Foi neste ano a inauguração do Sambódromo do Rio e a primeira vez que houve desfile dividido em duas noites. Na ocasião, as notas foram separadas e a Portela foi considerada a vencedora da primeira noite. A Mangueira, do segundo e também de um terceiro desfile, considerado o tira-teima final. A Portela considera o título daquele ano legítimo. Antes disso, a escola havia sido campeã em 1980.

Problemas na Marquês de Sapucaí

Acidentes em carros da escola Paraíso do Tuiuti e da Unidos da Tijuca ficaram marcados como dos piores nos últimos 33 anos da avenida, segundo a própria Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). O carro da Tuiuti perdeu o controle e atropelou ao menos 20 pessoas no domingo (26). Já no desfile da Unidos da Tijuca, uma parte do veículo despencou e integrantes da escola chegaram a sofrer uma queda de seis metros, na segunda-feira (27).
Somados, os dois acidentes deixaram 32 feridos. Ao menos duas pessoas permanecem em estado grave no hospital e uma terceira ainda passará por cirurgia.

A Liga e presidentes de escolas decidiram nesta quarta-feira (1º) que nenhuma do Grupo Especial seria rebaixada este ano. Muito criticada por não ter interrompido os desfiles no momento do acidente, o que teria prejudicado o trabalho de socorro aos feridos, a Liesa recebeu vaias no Sambódromo, quando o presidente Jorge Castanheira anunciou a decisão. No próximo ano, portanto, 13 escolas disputarão o Grupo Especial – as 12 atuais e uma que subirá do Grupo de Acesso.
Gritos de “vergonha” foram ouvidos nas arquibancadas, onde o público costuma acompanhar a apuração. A falta de punição é vista por críticos como uma forma de beneficiar escolas que foram imprudentes com questões de segurança. “Foi uma fatalidade, mas quem errou tem de pagar”, disse Neguinho da Beija-Flor.

Segundo o presidente da Portela, Luís Carlos Magalhães, a decisão foi tomada em consenso pelas escolas e que a penalidade, se ocorrer, será na esfera criminal e não no evento privado do Carnaval. “Todas as escolas foram a favor. O que aconteceu foi uma fatalidade, uma coincidência”, defendeu.

 Portela não ganhava título desde 1984 (Foto: Marcello Dias/Futura Press) 

Resultado final

1º Portela - 269, 9 pontos
2º Mocidade - 269,8 pontos
3º Salgueiro - 269,7 pontos
4º Mangueira - 269, 7 pontos
5º Grande Rio - 269, 4 pontos
6º Beija Flor - 269, 2 pontos
7º Imperatriz - 268, 5 pontos
8º União da Ilha - 267, 8 pontos
9º São Clemente - 267, 4 pontos
10º Vila Isabel - 267, 4 pontos
11º Unidos da Tijuca - 266,8 pontos
12º Tuiuti - 264,6 pontos