terça-feira, 31 de maio de 2016

Ministério da Justiça cria núcleo de combate a crimes contra mulheres

O presidente em exercício, MIchel Temer, e o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, durante reunião com secretários de segurança dos estados nesta terça-feira (31) (Foto: Marcelo Camargo/ABr)O presidente em exercício, MIchel Temer, e o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, durante reunião com secretários de segurança dos estados nesta terça-feira (31) (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
 
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou nesta terça-feira (31) a criação de um Núcleo de Proteção à Mulher, vinculado à pasta. Em uma reunião com secretários de Segurança Pública do país, o ministro afirmou que o órgão servirá para “coordenar trabalhos de combate à violência à mulher”. A criação do setor se dá após a divulgação de um caso relatado de estupro coletivo contra uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro.

“A mulher é anos e anos agredida e acaba matando o agressor. Outro fato grave que detectamos é o filho que acaba matando o pai para defender a mãe”, afirmou o ministro durante o encontro. A reunião aconteceu na sede do Ministério da Justiça, em Brasília.

A criação do setor já havia sido anunciada pelo presidente em exercício, Michel Temer, em sua conta pessoal no Twitter no último dia 27. "Vamos criar um departamento na Polícia Federal tal como fiz com a delegacia da mulher na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ela vai agrupar informações estaduais e coordenar ações em todo país", escreveu Temer.

Mesmo sendo convocada antes do caso de estupro coletivo investigado no Rio, o tema se tornou uma das principais pautas do encontro. Inicialmente, o objetivo seria discutir o Plano Nacional de Segurança Pública, com foco no combate a homicídios pelo país.
Na reunião, o presidente em exercício, Michel Temer, defendeu políticas para coibir abusos contra mulheres por entender que existe “uma onda crescente” de casos do tipo. "Há violência permanente contra a mulher em todos os estados. Violência é algo que deve ser banida. Para ser banida, precisamos de uma atuação conjunta da União com estados e municípios", disse Temer na reunião.

Em um breve discurso aos secretários, Michel Temer propôs um "esforço conjunto" entre União, estados e municípios para combater a violência contra mulheres. Segundo ele, o encontro com os gestores estaduais de segurança pública pode funcionar como "símbolo" de que o país está preocupado com o fenômeno. Temer deixou o ministério às 10h30 sem falar com a imprensa.

Entenda o caso
No caso do estupro coletivo no Rio, a vítima afirmou se lembrar de estar a sós na casa do rapaz com quem se relacionava havia três anos e disse só se recordar de que acordou no último domingo (22), em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela conta no depoimento que estava dopada e nua.

A jovem relatou que foi para casa de táxi, após o ocorrido. Ela admitiu que faz uso de drogas, mas disse que não utilizou nenhum entorpecente no sábado (21). Na terça (24), ela descobriu que imagens dela, sem roupas e desacordada, circulavam na internet. A jovem contou ainda que voltou à comunidade para buscar o celular, que tinha sido roubado.

O laudo da perícia do caso de estupro coletivo da jovem de 16 anos no Rio diz que a demora da vítima em acionar a polícia e fazer o exame foi determinante para que não fossem encontrados indícios de violência, como antecipou o Bom Dia Rio nesta segunda-feira (30). Ela foi examinada quatro dias após o crime.

Além do exame de corpo de delito, a polícia também fez uma perícia no vídeo que foi divulgado nas redes sociais, no qual a jovem aparece desacordada. Os resultados das análises serão informados nesta segunda pelos investigadores.

No último domingo (29), o Fantástico adiantou algumas informações que estarão no laudo feito sobre as imagens. Após polêmicas envolvendo a investigação, o antigo delegado do caso foi afastado por dizer que não havia indícios de estupro.