A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), através do 6º DP
(Messejana), afirma ter capturado um dos homens com maior histórico de
crimes de homicídio cometidos na Área Integrada de Segurança (AIS) 4.
Autodenominado de 'Anjo da morte', ele seria o braço armado de uma
quadrilha de traficantes de drogas que, desde 2008, comanda o crime
naquela região da cidade, tendo domínio sobre a vida e a morte dos
moradores das comunidades Levada e Nova Conquista. Ao grupo, de 16
homens, pelo menos 40 mortes são atribuídas, conforme as investigações
policiais. A maioria, motivada pela disputa do tráfico de drogas.
Segundo a Polícia, pessoas que não possuíam qualquer ligação com o
crime, no entanto, também foram executadas, apenas por estarem no lugar
errado e na hora errada. Os trabalhos que apuram a atuação do bando
tiveram início ainda em 2014, presididos pelo delegado titular do 6º DP,
Osmar Berto.
Conforme a autoridade policial, nove pessoas, incluindo os chefes
originais do grupo criminoso, foram capturadas em 2015, em operações que
tiveram início no mês de julho. Por último, Carlos Alberto da Silva de
Oliveira Filho, o 'Cacá', de 29 anos, foi preso, no fim da tarde da
última quarta-feira (13). Contra ele havia mandados de prisão expedidos
pelos crimes de homicídio e tráfico.
Passagens
'Cacá', que já possuía passagens na Polícia por tráfico de drogas,
homicídio e posse ilegal de arma de fogo, foi encontrado pela equipe de
inspetores do 6º DP em uma residência no bairro Messejana, por volta das
17h. Com ele, foram ainda encontrados uma balança de precisão e
aproximadamente 75 gramas de cocaína que eram preparados para revenda.
"Ele é envolvido com o tráfico de drogas mas a função dele era matar.
Investigamos 40 homicídios, cometidos desde 2008 pela quadrilha como um
todo. E o suspeito era o homem que puxava o gatilho. Testemunhas indicam
que ele era quem descia do carro e atirava. 'Cacá' foi preso e autuado
em flagrante por tráfico e ao mesmo tempo todos os mandados que existem
contra ele estão sendo comunicados ao Judiciário, para que ele possa
respondê-los", disse o titular do 6º DP Osmar Berto.
Segundo as investigações, Carlos Alberto da Silva de Oliveira Filho é
um homem bastante temido nas duas comunidades que já choraram dezenas de
mortes nos últimos oito anos, muitas atribuídas a ele. Nas execuções de
desafetos em que atuou, incorporou uma alcunha macabra: o 'Anjo da
morte'.
Tatuagem
"Ele possui uma tatuagem que cobre todas as costas, de um anjo com uma
foice. Segundo as pessoas, que não querem se identificar com medo, após
as execuções, 'Cacá' fazia questão de tirar a camisa e mostrar essa
tatuagem, apontando para ela. Era o 'Anjo da morte', como se fosse o
senhor da vida e da morte das vítimas. Servia para simbolizar o poder
que essa quadrilha possuía, para intimidar as pessoas que presenciavam
os crimes", explicou Berto.
De acordo com o presidente do inquérito, há ainda outros seis homens,
tidos como integrantes da associação criminosa, com mandado de prisão em
aberto e foragidos da Polícia. "Estão sendo todos procurados. Queremos
pôr um ponto final na guerra que impera nessas comunidades e trazer
tranquilidade aos moradores", salientou.
A quadrilha começou a ser desmontada pela Distrital em 9 de julho do
ano passado. Naquela ocasião, Airton Mesquita, apontado pela Polícia
como o chefe do bando foi capturado em uma operação realizada no Centro
de Fortaleza. Conhecido como 'Aírton da Conquista', e respondendo por
seis homicídios, além dos demais que são investigados, ele foi capturado
na Rua Guilherme Rocha.
Laboratório
Naquele dia, a Polícia estourou ainda um laboratório de drogas
pertencente ao bando. No imóvel, foram apreendidas 350 gramas de
cocaína, munições de calibre ponto 40; duas balanças de precisão;
munições de fuzil 5.56; 13 tubos de bicarbonato de sódio e dois carros,
sendo um Honda e um Toyota Corolla.
Na sequência, em 14 de julho, outros seis membros do grupo foram
localizados em um flat de luxo na Avenida Beira-Mar. Zacarias Braga de
Paixão Filho; Francisco Gleiciano Batista; Mairton Delfino de Silva
Filho; Fabrício Igor Dias Leite; Valdenberg Rodrigues da Silva; e
Hunderlan Rodrigues de Jesus Silva, estavam escondidos no imóvel. Após
essa prisão, outros dois homens também foram capturados. Com o grupo, no
flat, foram ainda apreendidas quatro armas, sendo duas pistolas ponto
40 e dois revólveres de calibres 38, além de 29 munições.
As armas estavam escondidas dentro de uma lancha de brinquedo. Três
veículos também foram apreendidos, sendo a BMW X1, um Renault Sendeiro e
um Honda Fit. O Renault Sandero, conforme o delegado, era o veículo
usado pelo grupo para praticar os homicídios contra os desafetos naquela
área.
Os homens levavam uma vida luxuosa na área nobre da Capital. A presença
deles em carros importados levantava suspeitas de outros frequentadores
do prédio na Beira-Mar. Conforme relatos de populares à Polícia, era
constante a presença de mulheres no apartamento. O grupo foi indiciado
por tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma
de fogo.