terça-feira, 17 de novembro de 2015

Dunga não está ameaçado

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, em Salvador, Dunga disse que não se sente ameaçado no cargo de técnico da Seleção Brasileira, apesar das más atuações contra Chile e Argentina e de ter conquistado quatro pontos em nove possíveis. Dunga tem razão.

Por que Dunga estaria ameaçado?

As Eliminatórias para a Copa de 2018 ainda estão no começo e o Brasil encarou dois adversários difíceis fora de casa. Perdeu no Chile, empatou na Argentina e fez valer o fator local contra a Venezuela. Em termos de resultado, não é uma calamidade. “Estamos no início. O campeonato vai ser longo, complicado como sempre foi”, disse o treinador. Eis a frase o absolve e o revela.

Porque, para Dunga e para a CBF, o Brasil pode seguir jogando mal, desde que faça a pontuação necessária para se classificar à Copa.

Contra a Argentina, o Brasil apresentou problemas semelhantes aos da estreia contra o Chile. Setores distantes, poucas jogadas de ataque bem tramadas e as tradicionais falhas defensivas. No Castelão, contra a Venezuela, marcou pressão, se impôs como mandante e conquistou a vitória sem dificuldades. É o que deve acontecer nesta terça contra o Peru, adversário que chegou a causar dificuldades ao Brasil na Copa América, mas que não deve impor maior resistência.

Podemos não gostar, mas é assim que Dunga vai levar as Eliminatórias até o final. Especulando pontos fora de casa e procurando vencer os jogos em casa, como se estivesse disputando o Brasileirão de olho numa vaga no G4. Estamos em 2015 e ainda há quem espere de Dunga inovações táticas e futebol vistoso. Não é para isso que ele está na seleção.

Ele foi chamado pela CBF para montar um time competitivo e classificar o Brasil à Copa, mas hoje faz mais do que isso. Em um momento de grave crise política na CBF, com seu presidente que não viaja nem dá as caras, Dunga acaba sendo a principal figura pública da entidade. Difícil acreditar que a CBF queira ou tenha condições de retirá-lo dessa função.

Um dos poucos cenários possíveis para uma queda de Dunga seria, diante de uma atuação ruim contra o Peru, a CBF aproveitar a virada de ano para promover uma mudança de rumos e chamar, por exemplo, Tite, o treinador que nega querer a seleção agora, mas que está sempre se mostrando disponível. Resta saber se a cambaleante direção da entidade acha conveniente realizar esse movimento brusco num momento conturbado como o que está vivendo.