Os candidatos à Presidência da República, Aécio Neves, do PSDB, e Dilma Rousseff, do PT, participaram do último debate antes da votação de 2º turno, que ocorre neste domingo, 26 de outubro. O debate foi marcado por recentes denúncias de corrupção, com menos ataques e mais discussão de propostas, principalmente durante as respostas dadas aos eleitores indecisos.
O candidato Aécio Neves (PSDB) abriu a rodada de perguntas indagando Dilma sobre reportagem publicada pela revista "Veja" à presidente Dilma Rousseff (PT).
Segundo a revista, o doleiro Alberto Youssef disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, que Dilma e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. Aécio perguntou à petista se ela, de fato, sabia do que ocorria.
Dilma afirmou que ´Veja´ faz "uma calúnia e uma difamação" a ela. "A revista ´Veja´ não apresenta nenhuma prova do que faz. Eu manifesto aqui a minha inteira indignação. Essa revista tem o hábito de , ao final das campanhas, tentar dar um golpe eleitoral", disse a presidente. "O povo não é bobo, o povo é sábio. Eu irei à Justiça para defender-me", afirmou.
O presidente do PT, Rui Falcão, anunciou nesta sexta uma série de medidas judiciais contra a revista "Veja" por causa da publicação da reportagem.
Aécio seguiu com ataques a Dilma durante o primeiro bloco do debate. Questionou a presidente sobre os investimentos em Cuba, com a construção do porto de Mariel e disse ter documentos que provam que houve um financiamento atípico da obra.
Segundo o tucano, a obra foi financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para pagamento em 25 anos, quando o tempo normal para outras empresas é de 12 anos. Aécio também disse que foram oferecidas menos garantias de pagamento pelo governo cubano.
Dilma rebateu dizendo que quem estabelece o prazo de pagamento e as garantias são as empresas, e não o BNDES. "O governo FHC deu o mesmo empréstimo. Nós também fizemos, mas beneficiamos quem? Brasileiros, que são empregados", afirmou.
Corrupção voltou a dominar o debate
A temperatura do debate entre presidenciáveis nesta sexta-feira (24) subiu após uma sequência de embates sobre corrupção entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
O tucano questionou a presidente sobre o mensalão e a condenação do ex-ministro José Dirceu (PT), e a petista rebateu dizendo que o mensalão mineiro, que envolve o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB), nunca foi investigado.
Nesse clima, a plateia reagiu com aplausos e vaias às respostas dos candidatos, que levaram o apresentador William Bonner a repreender os presentes no estúdio.
O apresentador fez reclamação sobre a gritaria na plateia com o olhar em Marcos Pereira, líder do PRB.
Aécio disse que os eleitores irão às urnas sem saber o que Dilma pensa sobre o mensalão. Também afirmou que a presidente poderia ter investigado todas as suspeitas sobre o PSDB durante os anos de governo.
Dilma respondeu dizendo que o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deixou que o tempo para investigações passasse e que os casos fossem engavetados. A petista também afirmou que apenas o Ministério Público poderia desarquivar os processos.
Apesar das trocas de acusações, o terceiro debate também teve momentos propositivos.
A reforma política foi abordada pela primeira vez em debates nesse segundo turno. O tema foi uma das principais pautas das manifestações que ocorreram no país em junho de 2013.
Aécio questionou Dilma sobre sua proposta de determinar o fim da reeleição.
A presidente respondeu dizendo que, mais importante que a reeleição, a questão mais séria era o financiamento empresarial de campanhas.
A petista também defendeu a paridade entre homens e mulheres nas eleições e o fim das coligações para eleições proporcionais.
"O senhor não tem interesse na reforma política", atacou Dilma.
Na resposta, Aécio disse que a presidente "não tinha autoridade" para falar sobre o fim do financiamento privado, já que o PT arrecadou, em 2013, cerca de R$ 80 milhões de empresas.
Além do fim da reeleição, o tucano também defendeu mandatos de cinco anos para cargos executivos e o voto distrital misto para a Câmara dos Deputados.
"O financiamento empresarial coloca dentro das campanhas o fator econômico", acrescentou a petista em sua tréplica.
Fonte: Folhapress