Exames preliminares feitos nos restos mortais do controverso monarca transformado em personagem de uma peça de Shakespeare, encontrados em 2012 em um estacionamento, revelaram a presença de múltiplos ovos de um verme denominado 'Ascaris lumbricoides', causador da ascaridíase, indicaram os cientistas em artigo publicado na revista médica "The Lancet".
A infestação, relacionada à falta de higiene na Idade Média, ainda é frequente em países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), formas graves de ascaridíase causam 60 mil mortes ao ano, principalmente entre crianças.
A contaminação ocorre pela ingestão os ovos, veiculados em legumes e frutas crus sujos com fezes infectadas. Os ovos eclodem no intestino, liberando as larvas, que atravessam a parede intestinal, chegando ao fígado e aos pulmões por via sanguínea e, finalmente, subindo pela garganta, onde são deglutidos e voltam a descer pelo tubo digestivo, onde terminam seu desenvolvimento.
De acordo com os Centros de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o verme adulto pode medir mais de 30 cm e a fêmea põe, aproximadamente, 200.000 ovos por dia.
Estas análises correspondem aos exames preliminares feitos na altura do sacro, região onde se encontram os intestinos, o que permitiu evidenciar esta contaminação.
Estes "resultados mostram que Ricardo estava infectado por vermes, os áscaris", escreveram o doutor Piers Mitchell, do departamento de arqueologia e antropologia da Universidade de Cambridge) e seus colegas da Universidade de Leicester, que não detectaram a presença de outros parasitas, como a tênia, por exemplo, transmitida pela carne mal cozida.
Esta ausência, destacaram os autores, sugerem que a comida do monarca era cozida ao ponto, o que teria evitado a transmissão destes parasitas.