Primeiro, uma confissão: não, eu não vejo " A Fazenda". Tentei assistir algumas vezes essa temporada. Me deprimi vendo as brigas. Parei. Também não vi a repórter de TV avisando para o público que Scheila Carvalho não sabia de nada (uma suposta traição que aconteceu enquanto ela estava confinada no programa), e logo seria informada, em clima de suspense. Pulei.
Isso dito. A gente adora parar para ver uma briga, né? Enquanto escrevo isso, meus amigos estão se matando de brigar em redes sociais. E muitas vezes eu entro na briga. Recuo. Volto. E passo a outra parte do tempo assistindo às brigas.
Adoramos ver um barraco. E a rede Record sabe disso quando usa o fato de uma suposta traição para alavancar a audiência de um programa de TV. Isso é cruel. Mas a gente também é cruel quando, aqui de fora, fica louco para saber como a dançarina Sheila Carvalho reagiria ao fato de ter "sido traída" enquanto estava dentro do programa. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, minha gente!
"Como será que ela vai reagir depois de a repórter falar: tenho uma notícia grave para te dar?". Ela vai chorar? A Rede Record estaria preocupada em como dar a notícia para ela. Espera, não era melhor ela saber isso de um amigo? E não era melhor essa suposta traição não ser exposta mundo a fora? Sim, poxa! Alguém discorda? Mas isso num mundo ideal que não existe.
Um mundo onde a gente se preocupasse mais com as nossas próprias brigas do que com a dos outros. E onde a gente lavasse nosso próprio tanque de roupa suja ao invés de viver assistindo os outros lavarem os deles. As roupas sujas hoje estão todas expostas nos sites, nas redes sociais para quem quiser parar e ver. E muita gente para (eu incluída), não vejo "A Fazenda", mas assisto um monte de barracos.
Cada um olhando para o seu tanque. Aí está uma utopia distante. E ela vale para reality shows, brigas em redes sociais e muita coisa na vida.