quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Liquidação do Banco Master expõe fundos de pensão de servidores a perdas bilionárias; municípios do CE não tem investimento

A liquidação judicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central nesta terça-feira (18), deve causar prejuízos expressivos a estados e municípios que tinham recursos aplicados na instituição. Embora, no primeiro levantamento, não haja registros de investimentos feitos por municípios do Ceará, o impacto nacional é considerado grave.

Enquanto 1,6 milhão de investidores pessoa física que compraram títulos do banco serão ressarcidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), os fundos de pensão de servidores públicos — cujo dinheiro não é protegido pelo FGC — enfrentam risco real de perda.

Dados do Ministério da Previdência apontam que 17 fundos previdenciários de estados e municípios investiram quase R$ 2 bilhões em letras financeiras emitidas pelo Banco Master, modalidade que não tem cobertura do FGC e foi usada para financiar o crescimento da instituição após o Banco Central restringir a emissão de CDBs.

Esses papéis de alto valor e longo prazo — tradicionalmente destinados a investidores profissionais — tornaram-se uma das principais fontes de captação do Master. No total, R$ 1,8 bilhão aplicados são dinheiro destinado à futura aposentadoria de servidores públicos.

A liquidação veio um dia após a divulgação de uma proposta de compra do banco. Com o decreto, o FGC informou que os investidores com produtos cobertos serão ressarcidos, mas os fundos públicos ficam totalmente expostos ao risco de calote.

Fundos de servidores públicos com maior exposição ao Banco Master:


• Rioprevidência (RJ) – R$ 970 milhões
• Amprev (AM) – R$ 400 milhões
• Maceió (AL) – R$ 97 milhões
• São Roque (SP) – R$ 93,15 milhões
• Cajamar (SP) – R$ 87 milhões
• Itaguaí (RJ) – R$ 59,6 milhões
• Amazonprev (AM) – R$ 50 milhões
• Aparecida de Goiânia (GO) – R$ 40 milhões
• Araras (SP) – R$ 29 milhões
• Congonhas (MG) – R$ 14 milhões
• Santo Antônio da Posse (SP) – R$ 7 milhões
• Fátima do Sul (MS) – R$ 7 milhões
• Jateí (MS) – R$ 2,5 milhões
• Angélica (MS) – R$ 2 milhões
• Paulista (PE) – R$ 3 milhões
• Santa Rita d’Oeste (SP) – R$ 2 milhões
• Campo Grande (MS) – R$ 1,2 milhão

Com a liquidação, prefeitos, governadores e gestores previdenciários correm contra o tempo para tentar garantir alguma recuperação, mas especialistas avaliam que as chances de ressarcimento integral são muito baixas.