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Olhar
para o céu, analisar diferentes sinais da natureza e, a partir desta
leitura, traçar uma previsão para a quadra chuvosa. Esse ritual é feito
todo fim de ano pelos chamados “Profetas da chuva", sertanejos que, ao
longo de gerações, se debruçam em análises específicas – e, por vezes,
peculiares – na tentativa de antever como será o "inverno" no Ceará.
Para
2023, a previsão é animadora. O grupo de Quixadá, formado por cerca de
30 profetas, e que se constitui no mais tradicional do Estado, prevê
"bom inverno" neste ano. A previsão é semelhante a do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet), cujo prognóstico é positivo para os meses de
janeiro a março.
O
anúncio oficial dos sertanejos será realizado no próximo sábado, dia
14, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE), em Quixadá. Esta será a 27ª edição do evento. Neste ano, serão
quase 20 Profetas reunidos para para partilharem, de forma oficial, as
análises realizadas por eles.
O
Diário do Nordeste, no entanto, antecipa, com exclusividade, o
prognóstico desta quadra: “acredito que teremos um bom inverno”. A
afirmação é da única 'profetiza' de Quixadá, a professora aposentada e
escritora Maria de Lourdes Leite Lemos, de 86 anos.
O encontro reunirá cerca de 30 Profetas da Chuva. O grupo de Quixadá existe há 26 anos e é o mais tradicional do Estado.
Há
pelo menos seis décadas Lourdes estuda e analisa os sinais da natureza.
A tradição foi ensinada pelo pai dela. “Comecei cedo. Sempre fui muito
precoce. Aos 6 [anos] já sabia ler e escrever. Com 15 anos eu já dava
aula para 40 alunos. Tinha facilidade de aprender. E logo aprendi os
ensinamentos do meu pai. Na adolescência já fazia as previsões do
tempo”, explica a 'profetiza'.
Neste
ano, ela se mostra otimista. “São vários sinais analisados. Um deles é a
posição da Estrela D’Alva. Ela sempre passa no dia 10 de outubro, dessa
vez, passou dia 6, é um dos sinais de que o inverno começa cedo”,
acredita Lurdinha, como é conhecida.
Na
concepção de Erasmo Barreira, experiente 'Profeta da Chuva', a natureza
fornece muitas pistas sobre o que está por vir. Ele afirma ser capaz de
identificar o que irá acontecer na quadra-chuvosa, “basta entendermos”
os sinais.