![]() |
Foto Diário do Nordeste |
Numa
pequena casa azulada, no Bom Jardim, um dos bairros mais pobres de
Fortaleza, um prato cheio oculta a dura realidade de cearenses de baixa
renda: é almoçar o "miojo" ou sucumbir à fome. Essas famílias, que agora
enfrentam ainda mais dificuldades de acesso aos alimentos saudáveis
devido à inflação, são obrigadas a consumirem os ultraprocessados.
Abarrotados
de gorduras, açúcares e sódio, esses produtos economicamente acessíveis
(para uma parcela da população) provocam obesidade e outras doenças
crônicas não transmissíveis que estão entre as principais causas de
mortalidade no País, como câncer e diabete.
Para
se ter ideia, os tubérculos, raízes e legumes ficaram 39,09% mais caros
para os brasileiros no acumulado dos últimos 12 meses até julho,
segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Já as frutas
subiram 33,11% no período.
Medido
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
indicador aponta a inflação sentida pelos grupos de renda mensal de um a
40 salários mínimos.
Se
a professora de reforço Carla Torres, de 30 anos, moradora da casa
ilustrada no início desta reportagem, pudesse fazer uma salada para
almoçar, teria de desembolsar 53,18% a mais pelo pepino, 38,75% pela
alface e 38,2% pela cenoura.
Enquanto
a linguiça, a salsicha em conserva e o macarrão instantâneo, itens da
sua dieta diária, subiram 4,31%, 7,59% e 26,5%, respectivamente. Apesar
da alta significativa do 'miojo', esse item ultraprocessado permanece
acessível por custar até R$ 2, a depender da marca.