Na
semana passada, em cada dez internações hospitalares no Ceará, três
eram de pacientes com Covid-19. Nesse período, foram registradas, no
total, 8,5 mil internações, sendo 2,6 mil (30,5%) em decorrência da
doença, conforme o Integrasus, da Secretaria da Saúde (Sesa), no período
entre 2 e 8 de maio.
No
início deste ano, na semana epidemiológica correspondente ao período
entre 3 e 9 de janeiro, em cada 100 hospitalizações por causas diversas,
seis eram de pacientes infectados pelo novo coronavírus. A proporção de
internações de pacientes com a doença cresceu gradualmente no decorrer
das semanas seguintes até chegar ao patamar atual.
Cenário
A
semana epidemiológica 15, do dia 11 ao dia 17 de abril, foi a que,
neste ano, teve o maior número de pessoas internadas por motivos
diversos no Ceará. Foram 9.057 pacientes no total. Já a semana 12, de 21
a 27 de março, foi a que registrou a maior proporção de internados com
Covid-19, representando 33,61% do número total de internações no Estado.
Conforme
mostrado pelo Diário do Nordeste, apesar de representar mais de 30% das
internações, o número de hospitalizações provocadas pela Covid-19 tem
diminuído há pelo menos 27 dias. De 12 de abril a 9 de maio, referente
às semanas epidemiológicas 15 a 18, a quantidade de pacientes internados
com a infecção caiu de 3.038 para 2.631.
Embora
ainda altos, os números de internações devem ser analisados
cautelosamente porque o tempo de permanência hospitalar dos pacientes
aumentou na segunda onda da pandemia, segundo o chefe de emergência do
Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e diretor da OTOclínica, Kalil
Feitosa. “Hoje a gente ainda tem pacientes que foram internados no
início de abril. Isso faz com que permaneçam números elevados de
internação”, explica o médico.
Leitos
De
acordo com o Governo do Ceará, durante toda a pandemia, foram abertas
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) exclusivas para tratar a Covid-19
em todas as regiões do Estado. A rede tem, atualmente, pelo menos 5,1
mil leitos exclusivos, sendo 3,8 mil de enfermaria e 1,3 mil de UTI.
Contudo,
hoje, ainda 386 pacientes aguardam transferência para hospitais. Desse
total, 215 estão na fila por vaga em UTI e 171 em enfermaria. 139 desses
pacientes esperam em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Cirurgias eletivas
Devido
ao cenário atual de transmissibilidade alta do vírus e hospitais
abarrotados de infectados, Kalil não acha que as internações para
cirurgias eletivas devem ser retomadas logo. No entanto, ele entende que
postergar esses procedimentos é desafiador para o sistema de saúde.
Gera
uma dificuldade grande porque as outras doenças continuam a existir.
Doenças graves: AVC, infarto, apendicite, cálculo, doenças vasculares
crônicas. É desafiador manter a assistência num nível seguro”.
Kalil Feitosa
Chefe de emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e diretor da OTOclínica
Com
a garantia da permanência das estruturas montadas para atender
exclusivamente pacientes com Covid-19, Kalil acredita que, no futuro,
devem ser feitos mutirões para diminuir as filas das cirurgias eletivas.