O
Ceará tem 99,45% do seu território categorizado com risco “altíssimo”
de transmissão da Covid-19. São 183 dos 184 municípios do Estado,
incluindo Acopiara, a maior quantidade registrada desde 31 de janeiro
deste ano, com base no levantamento feito pelo Diário do Nordeste
utilizando dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde
(Sesa). Os dados correspondem as semanas epidemiológicas 15 e 16, que
vão de 11 a 24 de abril deste ano.
Quixelô
é a única cidade do Estado não enquadrada no nível mais crítico de
risco para Covid-19. No entanto, ela se encontra em risco "alto", o
segundo pior. O cenário ocorre em meio à flexibilização das atividades
econômicas após o segundo lockdown no Ceará.
Nas
semanas epidemiológicas anteriores, 13 e 14 (28 de março a 10 de
abril), 176 cidades estavam no pior nível. Outras oito cidades
(Paramoti, Iracema, Piquet Carneiro, Catarina, Orós, Icó, Granjeiro e
Lavras da Mangabeira) eram classificadas no risco alto. Este foi o
período em que o governador Camilo Santana iniciou a reabertura de parte
das atividades.
Desde
31 de janeiro, apenas um município cearense esteve no nível baixo: São
João do Jaguaribe, o que ocorreu nas semanas epidemiológicas 8 e 9 (21
de fevereiro a 6 de abril). Esse nível equivale ao “novo normal”.
“O
momento que estamos vivendo agora é de um platô (plano e elevado) alto
de segunda onda com altas taxas de transmissão e de ocupação de leitos
de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por isso, todos os cuidados são
extremamente necessários para conter essa propagação do vírus”, explica
Edson Teixeira, imunologista e professor do Departamento de Patologia e
Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ele
acrescenta que embora haja o movimento de reabertura autorizado pelo
Governo do Estado, é praticamente obrigatório que exista uma prudência
em relação a como fazer esse procedimento. Mesmo que a abertura esteja
sendo realizada, a observação da incidência do vírus deve continuar
sendo feita.
“Toda
reabertura provoca o contato entre pessoas. Então é um momento crítico,
realmente crítico para uma reabertura que, embora necessária, precisa
ter prudência”, conclui.
Momento de estabilidade
Para
Caroline Gurgel, epidemiologista, virologista e professora da Faculdade
de Medicina da UFC, embora os números ainda sejam muito altos, ela
acredita que estamos em um momento de estabilidade.
“É
natural frente a uma doença infecciosa emergente que ela naturalmente
tenha o seu pico, ela atinja um platô e posteriormente ela venha a cair
de forma mais lenta”, explica.
Caroline Gurgel
Epidemiologista e virologista, professora da Faculdade de Medicina da UFC
A
expectativa, segundo ela, é de quem o sistema de saúde ainda vai
demorar a chegar a uma situação mais confortável, pois haverá um
“sufoco”. Uma das razões apontadas é a suspensão de cirurgias eletivas,
ação tomada no enfrentamento à Covid-19.
“Só
com a diminuição do número de infectados por coronavírus esses casos
serão atendidos. Acaba que tem aquele sufoco, porque terá agora que
prestar assistência às pessoas que ficaram em espera”, finaliza.