Em
meio ao quadro grave da saúde pública no Ceará, e na maioria dos
estados brasileiros, o secretário de Saúde do Estado, Dr. Cabeto, diz
que o “mundo ideal” era “estarmos em ‘lockdown’ no País inteiro” há mais
de duas semanas. Entretanto, ele justifica que a adoção de medidas
menos rígidas nos decretos do Estado do Ceará ocorre porque o governo
está levando em consideração também as situações social e econômica
delicadas. Cabeto não descarta a adoção de medidas mais rígidas em caso
de piora da situação da pandemia, mas que isso está sendo avaliado a
cada semana.
Em
um dia de tensão entre os governadores e o presidente Jair Bolsonaro, o
secretário estadual, em entrevista exclusiva a esta coluna, cobra uma
posição mais clara - e documentada – do governo federal, a respeito da
pandemia e dos rumos a serem adotados no combate ao vírus. “Está claro
que o presidente discorda do protocolo adotados pelo Ceará, que é o
mesmo de outros estados. Entretanto, é preciso sabermos qual a posição
do governo (federal) sobre o que fazer... E documentar isso”, cobra o
secretário.
“Quando
você adota o isolamento rígido (lockdown), isso implica em uma série de
fatores. Diminui a carga de atendimento de outras doenças nos
hospitais, por exemplo. Tivemos aqui um bom resultado no ano passado com
o lockdown. Mas agora, as condições são outras. Estamos adotando
medidas tentando impactar menos a economia. Se você me pergunta se isso
vai ser eficaz, eu digo que é cedo para dizer. Temos que aguardar”, diz o
especialista, ao reforçar que é por isso que o comitê estadual analisa
os dados a cada sete dias.
Segundo
ele, para a decretação de um lockdown neste momento, seria necessária
uma convergência entre as autoridades nos diversos níveis no País.
“Tínhamos que construir um discurso conjunto, diferente do que está
acontecendo agora. Infelizmente, não há espaço para isso. O que estamos
vendo é exatamente o contrário. Isso gera uma tensão social gigantesca”,
critica em referência aos posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro
contrário às medidas de combate à Covid-19.