O
cearense Felipe Caetano, de 19 anos, trabalhou dos oito aos 14 anos nas
praias de Aquiraz, na Grande Fortaleza. Após cinco anos, libertou-se da
exploração infantil e criou um projeto para combater a violação dos
direitos de crianças e adolescentes no País. Já conseguiu transformar a
realidade de mais de 700 jovens e, neste sábado (20), será homenageado
no "Especial Inspiração", do programa Caldeirão do Huck.
O
quadro mostra histórias de pessoas que promovem iniciativas e mudam a
trajetória de suas comunidades. A produção veio ao Ceará para mostrar o
contexto socioeconômico de Felipe. E ele foi aos Estúdios Globo para
gravar o episódio, que teve a participação do também cearense Silvero
Pereira.
“Participar
do programa foi excelente não apenas por estar lá, mas por tudo que vai
representar. Será um ampliador da minha voz. Meninas e meninos que
estão em uma condição que vivi anos atrás vão saber que apenas a
educação é o caminho”, avalia.
O
cearense conta que a experiência em cursos e palestras no Núcleo de
Cidadania dos adolescentes (Nuca), em Aquiraz, possibilitou a
compreensão sobre os danos do trabalho forçado nesta fase da vida.
“Comecei
a trabalhar aos oito anos, na praia. Depois, passeio a ser garçom aos
11 anos. Trabalhar quando é criança é o ciclo dito como natural para os
filhos de pobres. Mas, aos 14 anos, comecei a perceber que aquilo que eu
entendia como oportunidade era uma violação dos meus direitos”,
relembra.
O
jovem aponta que uma família pobre leva cerca de nove gerações para
acabar com a pobreza, e o trabalho infantil atrapalha esse processo.
“Isso faz com que essas crianças não consigam ter no futuro uma vida
profissional e romper o ciclo”, reitera.
Ministério Público do Trabalho
Após
estudos e entender melhor a situação, em 2015, Felipe buscou o promotor
Antônio Lima, do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE), para
criar um projeto de conscientização e combate à exploração infantil.
Hoje, 700 pessoas integram o Comitê Nacional de Adolescentes pela
Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Conapeti), criado por ele.
Os
grupos promovem palestras e diálogos, alcançando milhares de jovens em
encontros bimestrais e trimestrais que, na pandemia, estão sendo feitos
virtualmente.
Na prática, o comitê faz denúncias, orienta e auxilia jovens em situação de trabalho infantil.