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Assim
como aconteceu na Alemanha, novas medidas de distanciamento físico com o
propósito de mitigar a propagação do coronavírus foram anunciadas na
França, ontem. Um dia após o país registrar o mais alto número de mortos
por causa da Covid-19 desde abril, o presidente francês, Emmanuel
Macron, comunicou a adoção de uma nova quarentena ("lockdown"), com
algumas diferenças daquela imposta em abril.
As
medidas de distanciamento social serão aplicadas a partir de amanhã e
incluirão exceções, como a continuação do funcionamento da maioria das
escolas e a permissão para a realização de funerais. Os serviços
públicos também continuarão funcionando. As medidas permitirão ainda a
saída de casa para uma hora diária de exercício, para a compra de bens
essenciais e para buscar atendimento médico. As pessoas ainda terão
permissão para trabalhar fora de casa se seu empregador considerar
impossível o trabalho remoto.
Macron
fez o anúncio em uma longa mensagem transmitida na televisão, de teor
alarmista, na qual disse que a segunda onda do vírus deve ser pior do
que a primeira. "O vírus circula em uma velocidade não antecipada nem
pelas previsões mais pessimistas. Como todos os nossos vizinhos, estamos
afundados pela súbita aceleração do vírus", disse o presidente francês.
"Estamos
todos na mesma posição: invadidos por uma segunda onda que sabemos que
será mais difícil e mais mortal do que a primeira". As novas medidas
ecoam a quarentena de oito semanas que a França impôs na primavera,
quando as hospitalizações e mortes pela Covid-19 tiveram o seu pior
índice até agora.
As
medidas serão adotadas até pelo menos 1º de dezembro, e serão revistas a
cada 15 dias, conforme as infecções se tornem menos comuns. Macron
disse que, se o país buscasse a imunidade de grupo sem a vacina, isso
custaria a vida de 400 mil pessoas, e que, por isso, "essa estratégia
jamais será adotada". "Vamos manter as restrições rigorosamente por duas
semanas. Se tivermos melhor controle da situação em 15 dias, poderemos
reabrir alguns negócios", disse o presidente francês. "Veremos se
podemos ter esperança de cultivar esse momento precioso das festas de
fim de ano. Nossa meta é passar de 40 mil para 5 mil contaminações por
dia".
Mercados
Os
mercados de ações mundiais sofreram quedas acentuadas em resposta às
notícias de que as maiores economias da Europa estavam impondo
restrições quase tão severas quanto aquelas que conduziram a economia
global a sua recessão mais profunda em gerações no primeiro semestre.
Ontem,
a Comissão Europeia - órgão executivo do bloco- propôs uma série de
medidas novas para combater a pandemia de Covid-19 na União Europeia,
dizendo que o novo pico de infecções no continente é "alarmante".
Houve
um chamado para os 27 governos agirem de maneira mais coordenada contra
o vírus. "O relaxamento de medidas aplicadas durante os meses de verão
nem sempre foi acompanhado de passos para criar uma capacidade de reação
suficiente", alertou a Comissão em um comunicado que é parte de sua
proposta formal de ação para os governos da UE.
Para
rastrear melhor a disseminação das infecções, Bruxelas disse que os
governos da UE deveriam coordenar suas estratégias de exames e fazer um
uso mais amplo dos exames rápidos de anticorpos, apesar de o suprimento
global destes kits estar diminuindo.
A
Comissão alertou que a "escassez atual da capacidade de testagem" exige
uma ação rápida. A entidade está exortando os estados a comprarem mais
por meio de um esquema de aquisição conjunta.
Especialistas
já previam uma segunda onda no outono europeu, quando as doenças
respiratórias costumam ter alta em países de clima temperado. Isto se dá
sobretudo em função do menor número de horas que as pessoas passam em
espaços abertos.
Auxílio às empresas
Para reduzir as perdas econômicas, o governo francês concederá às
pequenas empresas obrigadas a suspender suas atividades um auxílio de
até 10.000 euros por mês (US$ 11.700).
Testes rápidos
Embora as viagens entre regiões sejam proibidas, as fronteiras
europeias permanecerão abertas. Todas as pessoas que desejarem entrar na
França terão que passar por “testes rápidos” ao desembarcarem em
aeroportos e portos.
Duas semanas
Se nas próximas duas semanas a França observar que a situação da
Covid-19 no país está sob melhor controle, com uma redução dos casos e
dos óbitos, as autoridades prometem reavaliar as normas anunciadas ontem
a fim de reabrir alguns negócios, em particular para as festas de
Natal.
Com informações do Diário do Nordeste.