sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Marcação com linha alta: como Guto e Ceni usam conceito

Fortaleza e Ceará mostram formas diferentes de agir com a marcação sob pressão em jogos da Série A

Uma característica marcante na Série A do Campeonato Brasileiro em 2020 tem sido a marcação sob pressão na saída do adversário. Várias equipes têm adotado o estilo para tentar roubar a bola no campo de ataque, mais próximo ao gol do oponente. Estudo realizado pelo site Footure FC, com base nos dados da plataforma Wyscout, especializada em análise de estatísticas de futebol, aponta como os técnicos Guto Ferreira e Rogério Ceni têm utilizado este conceito em Ceará e Fortaleza.

O cálculo é realizado levando em conta a medida PPDA (Passes por Ação Defensiva), que calcula quantos passes a equipe deixa o adversário realizar antes de um movimento defensivo, seja falta, interceptação, desarme, dividida etc.

O líder da estatística, Atlético/MG, está na 3ª posição na tabela e é referência no quesito "pressão alta" no Brasil. A equipe de Jorge Sampaoli mantém a linha de marcação na faixa do meio campo em busca de roubar a posse para iniciar uma ação ofensiva. Flamengo (2º no BR) e Internacional (1º no BR) também pintam no Top-3 do PPDA.

O Ceará está em 8º na lista, confirmando o nível de compromisso dos atletas alvinegros em incomodar a saída de bola oponente.

Dois nomes alvinegros contribuem muito para a colocação do Vovô: o meia Fernando Sobral é o 2º jogador com mais desarmes (49) no Campeonato, seguido pelo volante Charles (43), ambos atrás do lateral Aderlan Silva (56), do RB Bragantino. Os dados são do site SofaScore, especializado em estatísticas. A marcação em bloco alto é uma característica do técnico do Vozão Guto Ferreira. O Alvinegro adianta as linhas e, em bloco alto, tira o oponente da zona de conforto, obrigando-o, muitas vezes, a utilizar o recurso da bola longa.

Se for uma equipe que não tenha recursos e uma alternativa para sair desta "armadilha", acaba perdendo a bola.

Fortaleza

Entre os 20 times da Série A, o Tricolor é o que permite ao oponente a maior liberdade para passar a bola antes de tentar recuperá-la: são 15,98 passes antes do Fortaleza investir numa roubada.

Isso não necessariamente é algo ruim, já que depende do modelo de jogo utilizado pelo treinador. No caso do Fortaleza, o time geralmente se defende no 4-4-2, com compactação, mas sem pressionar o adversário próximo da área. As linhas defensivas geralmente são postas próxima ao meio-campo.

O levantamento aponta que os times com intensa pressão na saída de bola do adversário tendem a ser mais eficientes. O Fortaleza é o ponto fora da curva nesse quesito.

O Tricolor detém a defesa menos vazada da Série A, com apenas 11 gols sofridos, e a sequência invicta de oito partidas deixa o Tricolor do Pici na 8ª posição, com 24 pontos, mostrando que, apesar de menos ações de defesa no campo ofensivo, o time encontrou o equilíbrio entre os momentos de espera e de agressão.

Vovô e Leão mostram que, mesmo com estilos diferentes, há diversas formas de se jogar um bom futebol.