quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Casos de H1N1 têm queda de 81% no Estado do Ceará


Foto Helene Santos

Por trás dos números em alta escala da Covid-19, o Ceará conseguiu reduzir, até setembro último, os casos de Influenza A (H1N1). Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), os nove primeiros meses deste ano somaram 19 diagnósticos, enquanto em igual período do ano passado, foram 105. Dessa forma, o intervalo contabiliza uma baixa de 81,9%. Especialistas justificam o recuo com base nos protocolos sanitários adotados para combater o novo coronavírus, que acabaram protegendo também contra a enfermidade sazonal.

Os dados compilados pela Sesa mostram que o mês de março, quando o Ceará confirmou os três primeiros infectados pelo SARS-CoV-2, acumulou o maior número de casos de H1N1, com 11 pacientes em tratamento para a gripe. Já em maio, considerado o pico local da pandemia de Covid-19, apenas um entrou nas estatísticas. Desde então, nenhum outro caso foi anotado, isto é, o Estado está há quatro meses sem novos registros de H1N1. O balanço do mês de outubro ainda está sendo fechado.

Já no ano passado, somente janeiro e setembro não tiveram notificações. Abril e maio, com 26 e 44 casos, respectivamente, foram os meses com maior acréscimo, seguido por junho (15). Este intervalo, aponta a Secretaria, é exatamente onde a doença se manifesta com maior intensidade em função da quadra chuvosa.

Para a infectologista Mônica Façanha, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), a etiqueta respiratória como estratégia de prevenção à Covid-19 contribuiu para a retração do vírus influenza neste ano. O uso de máscara, obrigatório desde o mês de maio via decreto estadual, "reduz a transmissão", além do isolamento social, que "vai ser útil enquanto estiver acontecendo. Ele não tem uma ação a longo prazo em termos de prevenção".

Contudo, a médica acredita que há subnotificação de casos. Isso porque, justifica, o diagnóstico de H1N1 pode ter sido confundido com o de Covid-19, já que as duas doenças possuem transmissão semelhante. "Os olhares estão todos para pesquisar Covid-19, então é possível que algum H1N1 tenha passado sem que tenha sido feito a pesquisa para o diagnóstico, pode ter sido interpretado como Covid-19 e ser H1N1", pondera Mônica. 

Vacina

A cobertura vacinal da H1N1 também influenciou na redução de casos da doença no Ceará, já que mais pessoas foram imunizadas, aponta Mônica Façanha. De acordo com a Sesa, 2.935.485 doses da vacina foram aplicadas neste ano, o que equivale a 96,98% de alcance. Em 2019, o número de doses chegou a 2.564.995, isto é, 94,94% dos grupos prioritários.

Apesar de a dose não proteger contra a doença pandêmica - apenas para outros tipos do vírus influenza -, a Pasta federal antecipou a aplicação em todo o território brasileiro justificando que poderia ajudar profissionais de saúde a diagnosticarem a Covid-19 por eliminação.

Com informações do Diário do Nordeste.