segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Estudo tenta comprovar que a vacina BCG pode ser eficaz no combate à Covid-19

 

Em meio a muitas incertezas sobre a cura da Covid-19, existe uma linha de pesquisa que avalia a eficácia da vacina BCG contra a doença, que já ceifou quase um milhão de vidas no planeta. A prova dos nove será conhecida no Brasil a partir de outubro, quando a Fiocruz e o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália iniciarão testes com a vacina, em profissionais da área de saúde. Coordenada no Brasil pelos pesquisadores da Fiocruz Julio Croda e Margareth Dalcolmo, a pesquisa foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Serão vacinados cerca de três mil profissionais que não tenham tido Covid-19. O estudo será financiado pela Fundação Gates.

Os voluntários passarão por exames para verificar se há ou não a presença do vírus no organismo. O estudo reúne também especialistas da Austrália, Espanha e Reino Unido, com o apoio da OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil a vacina BCG está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e é obrigatória para recém-nascidos desde 1976. De acordo com os protocolos do Ministério da Saúde ela deve ser aplicada o mais rápido possível, de preferência na maternidade, logo após o nascimento. Mas todas as crianças que ainda não completaram cinco anos de idade podem receber a dose única

De acordo com os pesquisadores, os voluntários receberão uma cepa da BCG dinamarquesa, portanto, não é igual a que está disponível no SUS, mas a vacina não sofreu nenhum tipo de mudança em sua composição. De acordo com a Fiocruz, pesquisadores australianos se basearam em estudos já existentes que mostram que a vacina BCG é eficiente contra outras infecções respiratórias virais. Eles observam que não há nenhuma comprovação de que a BCG é eficaz contra a covid-19, nem por quanto tempo ela mantém o organismo imune contra outras doenças respiratórias. Por isso, as pessoas não devem tomar a vacina acreditando que possa evitar o novo coronavírus.

Resultado em um ano

Conforme a Fiocruz, os participantes serão acompanhados por até um ano, e durante esse período, serão feitas “avaliações intermediárias recomendadas em estudos de longa duração”. Semanalmente será feitas ligações para os voluntários, a fim de verificar se eles tiveram sintomas de covid-19. Os resultados preliminares devem ser obtidos no primeiro trimestre de 2021, mas a conclusão definitiva só será divulgada daqui um ano. Caso seja comprovada a eficácia da vacina BCG para proteger contra a covid-19, será feito um novo pedido de registro à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para autorização de uso do imunizante com essa finalidade específica. O fato de a vacina já ser conhecida não acelera o processo de aprovação, pois ela era utilizada com outro objetivo, afirma a pesquisadora

Para realização desse estudo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC) repassou R$ 600 mil. A verba é usada na realização de ensaios clínicos, que demandam aquisição de insumos para a execução das rotinas clínicas e laboratoriais, e de equipamento de informática para registro e análise de dados. Além disto, foi montada equipe treinada para a execução dos estudos. O recrutamento dos participantes teve duração de quatro meses.

(*)com informação da CMF