Como
tem feito com outros profissionais veteranos ligados ao entretenimento, a
Globo comunicou a Renato Aragão que não vai renovar o seu contrato, que
se encerra nesta terça-feira (30). O criador de Didi Mocó esteve ligado
à emissora por 44 anos.
Em
conversa com o UOL, o ator e humorista de 85 anos reiterou a disposição
de seguir em frente: "Para mim, ampliou meus projetos. Você não sabe
como eu estou gostando. É uma nova etapa. Não paro nunca, sempre
trabalhando. Eu me considero meio máquina, meio humano", diz.
Sobre a
longa trajetória na Globo, Renato observa: "Muita alegria". E elenca:
"Primeiro, Os Trapalhões. São 20 anos de sucesso contínuo. Criei o
Criança Esperança, que também foi uma maravilha. Depois a Turma do Didi.
Fiz muita coisa, tive muita alegria na TV Globo, não tenho nada de ruim
para falar. Estou muito feliz com ela".
E
acrescenta: "Nós chegamos a um acordo. Contrato é uma coisa simbólica.
Continuo trabalhando na Rede Globo por projetos pontuais e faço projetos
em outras plataformas. É a oportunidade de fazer também em outro
lugar", diz ele.
O
humorista não revela com quem está conversando. "Não posso falar porque
são coisas em negociação". Mas especula-se que há projetos sendo
discutidos na Netflix e na Amazon.
À
frente dos Trapalhões, Renato Aragão estreou na Globo em 1977, após três
anos (1974-76) na Tupi. Exibido aos domingos, antes do "Fantástico", o
humorístico ficou no ar até agosto de 1995. As mortes de Zacarias
(1934-1990) e Mussum (1941-1994) levaram ao fim do programa.
Em
1998, Renato estreou outro dominical, "A Turma do Didi", exibido até
2010. Também gravou inúmeros especiais neste longo período na emissora
carioca, além de ter sido por muito tempo a cara da Globo na campanha
Criança Esperança.
O
último trabalho na emissora ocorreu em 2017. A Globo ensaiou uma volta
dos Trapalhões, num formato híbrido, que não funcionou bem. Didi e Dedé
Santana interagiam com um quarteto formado por Didico (Lucas Veloso),
Dedeco (Bruno Gissoni), Mussa (Mumuzinho) e Zaca (Gui Santana),
sobrinhos dos personagens originais. A experiência rendeu apenas uma
temporada, de dez episódios.
Em
paralelo à atividade na televisão, Renato já protagonizou 42 filmes,
realizados entre 1965 e 2017. O último foi "Os Saltimbancos Trapalhões:
Rumo a Hollywood". Um novo projeto, com a Globo Filmes, foi adiado,
segundo ele próprio informou em abril .
Sintonizado
com as novas mídias, Renato abriu uma conta no Instagram, que hoje tem
3,5 milhões de seguidores. E esta semana comemorou 1 milhão de
seguidores no TikTok, a rede social do momento. "É uma brincadeira
séria", diz.
"Não
paro de trabalhar", repete Renato. "Tenho muitas ideias acumuladas. Está
tudo na fila. Didi tem projetos de filmes e seriados. Muita coisa boa
para lançar daqui a pouco".
A
situação de Renato é semelhante a que enfrentaram nos últimos meses
Aguinaldo Silva, Miguel Falabella, Zeca Camargo, Vera Fischer e José de
Abreu, entre outros. A Globo não renovou os contratos destes
profissionais, argumentando estar implantando um novo modelo de "gestão
de talentos".
Cortando
custos, a emissora deixa aberta a possibilidade de voltar a contratar
estes profissionais experientes por obra, para a realização de trabalhos
específicos.
Em nota postada no Instagram nesta manhã, Renato Aragão comentou a sua nova situação:
"São
44 anos de estrada e me vejo diante há uma mudança! São novos tempos,
novos parceiros, novos projetos e novos desafios. Minha grande parceira
durante esses anos foi a Rede Globo, que me acostumei a chamar de minha
casa. Mas diante a novos tempos e políticas internas de contratação,
vamos iniciar uma nova fase e trabalhos pontuais. Tenho em minha vida
pessoal e profissional a fluidez e o equilíbrio, vou onde meu público
espera que eu esteja e melhor ainda, onde não esperam, pois sempre
gostei e gosto de surpreendê-los, e não será diferente nessa nova
fase! Já estou com novas oportunidades de trabalho e novos tempos que
estão prestes a iniciar."