Bruno teria se negado a dividir lucros de vendas de livro com filho, diz ex-agente
Reprodução/Record TV
O empresário Jaime Marcelo, que recentemente rescindiu um contrato de
agenciamento esportivo com o goleiro Bruno Fernandes de Souza, condenado
a duas décadas de prisão pela morte da modelo Eliza Samudio, acusou o
atleta de ter agido com desrespeito e falta de ética. O ex-agente
afirmou ainda que a publicação de uma trilogia sobre a história do jogador foi interrompida porque Bruno não queria ceder parte do valor arrecadado com as vendas do livro ao filho que teve com a jovem.
Segundo Jaime Marcelo, o projeto estava em estágio avançado de
produção. O primeiro livro abordaria as origens de Bruno. Já o segundo
falaria sobre as fases da carreira como atleta, as passagens por grandes
clubes e o sucesso no Flamengo. No terceiro e último volume, o autor
pretendia abordar as circunstâncias da morte de Eliza Samudio, o
julgamento e a condenação do goleiro.
"Só que, desde o princípio, falei abertamente que uma das condições era
realmente que a minha parte do lucro fosse destinada ao Bruninho. Ele
não concordou, não aceitou. E, por isso, não autorizou que a gente
publicasse o livro", declarou o empresário.
Em função do contato com a história do goleiro, Jaime Marcelo diz ter
se aproximado da mãe de Eliza, Sônia Samudio, além de Bruninho, fruto da
relação de Bruno com a modelo. Por isso, o empresário decidiu que
publicaria um livro motivacional e destinaria os lucros de vendagem para
a criança.
"Trabalhei dois meses seguidos, noite e dia, pegando depoimento de
pessoas. E coincidentemente, respondi a algumas mensagens da Dona Sônia,
fui colocando um foco motivacional e estou lançando esse livro. Estou
destinando todo o percentual [dos exemplares vendidos] para o futuro do
Bruninho", frisou Marcelo.
O empresário garantiu que, nos cerca de dois meses que agenciou Bruno,
havia obtido propostas concretas para o goleiro atuasse em clubes da
segunda e terceira divisões do Rio de Janeiro, além de equipes de outros
estados. Entre os times sondados estaria o Rio Branco, que disputa a
primeira divisão do Campeonato Acreano. No entanto, o goleiro estaria
focado em retornar ao futebol em um clube de maior expressão no cenário
nacional.
Jaime Marcelo também alegou que o rompimento da relação comercial entre
ambos ocorreu por algumas atitudes antiprofissionais de Bruno, que
teria negociado contratos "pelas costas", sem o aval do seu agente.
"Faltou ética, respeito', lamentou o ex-empresário do goleiro.
Apesar do desentendimento que resultou na quebra do acordo com o
goleiro, Jaime Marcelo ressaltou que confia no potencial esportivo de
Bruno, hoje com 35 anos, e torce para que ele consiga refazer a vida
profissional. Entretanto, o empresário considera bastante difícil que a
retomada da carreira aconteça da forma como o ex-agenciado almeja.
"Eu acredito no perdão, Acredito na capacidade do Bruno, Acho que ele
mereça trabalhar, já que está em dia com a justiça. Só que o perdão tem
que caminhar junto com o arrependimento. E é uma coisa que não aconteceu
por parte do Bruno. [O jogador] tem que entender que ele não é um
herói. Ele vive em um mundo de ilusão, achando que joga no Flamengo",
concluiu.
A advogada Mariana Migliorini, que representa o goleiro Bruno no campo
jurídico, rebateu a versão apresentada pelo empresário sobre a ruptura
do contrato de agenciamento esportivo e, especialmente, em relação às
negociações para a publicação do livro sobre a história do goleiro.
"O contrato com Jaime foi encerrado por falta de pagamento da parte
dele. Ele só tinha contrato para agenciamento de esporte. Não havia
contrato para livro. Bruno jamais se negaria a jogar em qualquer time,
inclusive jogou no Poços de Caldas, que era muito pequenino", afirmou a
advogada.
Mariana Migliorini ainda rechaçou a hipótese que Bruno tenha se
recusado a partilhar possíveis dividendos da comercialização de um livro
com o filho. "Ele não quer ver a imagem de seus filhos explorada, não
havia contrato para lançamento de nenhum livro. O direito de imagem de
criança é algo sério e delicado, não pode ser tratado de maneira
ilegítima e sem profissionalismo", complementou.