terça-feira, 5 de maio de 2020

Ceará e Fortaleza mostram preocupações com protocolo para volta do estadual e Copa do Nordeste

Apesar das dúvidas sobre a volta do esporte em meio à pandemia do coronavírus, há unanimidade entre os clubes e a CBF sobre concluir todo o calendário de competições. A certeza é de que o pontapé inicial da retomada será pelos campeonatos estaduais, independente da data de retorno.

Para Ceará e Fortaleza, o Campeonato Cearense significará a volta dos jogos oficiais. Mesmo sem saber quando será possível retomar as atividades, os dois principais clubes do Estado já estão se preparando internamente, com protocolos de segurança finalizados, compras de kits de detecção para coronavírus e equipes médicas para acompanhar o processo. A ideia é estar pronto para retorno imediato, quando houver liberação das autoridades competentes.

"Estamos fazendo o dever de casa, que é deixar tudo pronto para um possível retorno; protocolos, testes, quantidade de pessoas que vão trabalhar, redução de comissão técnica, cuidado com rouparia, alojamentos individuais", enumerou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

Mas os demais clubes cearenses estarão preparados para a retomada do futebol? Esta é a pergunta que traz preocupação para Robinson de Castro, presidente do Ceará. 

"Tudo vai começar pelo campeonato estadual, mas como vamos começar se a gente não sabe se o Barbalha vai ter condições de fazer os protocolos, se têm médicos para acompanhar esse processo, capacidade de adquirir os testes? O Caucaia vai ter condições", questionou o presidente alvinegro.

Paralisado desde março, o Campeonato Cearense tem mais duas rodadas da fase de grupos e o mata-mata para concluir com oito times em disputa. Os dirigentes de Ceará e Fortaleza têm se reunido com o presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF), Mauro Carmélio, para buscar alternativas ao momento delicado de crise por causa do coronavírus.

"A gente já deu algumas ideias para a Federação assumir o protagonismo desses pequenos clubes, porque se não amanhã chega o Governo Federal dizendo que dia 20 de maio todo mundo pode treinar. Ceará e Fortaleza vão treinar, mas os outros clubes não porque não compraram EPIs, testes, nem estão com protocolo feito. O que adianta treinar, vamos jogar contra quem?", afirmou Robinson.

Diante desse cenário, talvez fosse mais fácil retomar a Copa do Nordeste, que reúne equipes mais estruturadas. O problema nesta hipótese parte da CBF, que sequer discute a competição nas videoconferências semanais que faz com os dirigentes.

"As reuniões são entre os clubes da Série A e a CBF, geralmente, e como a competição só interessa a Ceará, Fortaleza, Bahia e Sport, a gente não fala sobre ela lá", explica Robinson. Ciente desse indiferença, a Liga do Nordeste chegou a debater com os clubes uma possibilidade de concluir o torneio em sede única, mas a proposta foi rejeitada de imediato.

O certo é que o Nordestão terá que ser concluído, pois precisa honrar compromissos com patrocinadores e é financeiramente importante para os clubes, mas os dirigentes não acreditam que o certame vai aproveitar brechas no calendário durante a Série A.

"Acredito que a Copa do Nordeste vai ser encaixada dentro do Brasileiro, porque acredito que as competições mais distantes de retornar são as continentais. É outro protocolo, outro risco [...] vão sobrar algumas datas que devem ser usadas para Copa do Brasil e Copa do Nordeste no meio dessas competições, é o que eu imagino", disse Paz. (Brenno Rebouças)