quinta-feira, 9 de abril de 2020

Saque emergencial do FGTS vai injetar R$ 1,3 bi na economia do CE

O saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) - que começa no dia 15 de junho e termina em 31 de dezembro de 2020 - vai injetar na economia cearense R$ 1,3 bilhão, segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio/CE). 

Porém, diferentemente do saque imediato de 2019, quando grande parte dos valores serviram para o pagamento de dívidas e para a compra de bens de consumo, neste ano o benefício terá efeito mais restrito, na opinião da entidade e de economistas.


"Esses recursos serão importantes para os consumidores principalmente para aqueles que têm ou tiveram trabalho formal que são os que têm direito ao FGTS. E servirão para o consumo dos itens de primeira necessidade das famílias, como alimentação e cuidados com a saúde.


Ele ainda diz que as pessoas estão consumindo em um menor patamar antes da crise provocada pelo novo coronavírus e que esse cenário ainda é incerto para os próximos meses. "Ainda é muito cedo para a gente falar sobre o mês de junho.


Filizola afirma também que não há como recuperar as perdas com a paralisação do comércio e serviços. "O consumidor não volta com toda força. As pessoas não vão tirar o atraso desse período atual consumindo mais quando as coisas se normalizarem".


Estabilização


Segundo o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-CE), Ênio Arêa Leão, os recursos do FGTS não são suficientes para estabilizar a atividade econômica, mesmo com o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário que tradicionalmente ocorre em junho.


"As medidas diminuem o impacto da crise do momento. As pessoas estão gastando menos e estão com receio de consumir.


Arêa Leão também diz que é favorável sobre a liberação dos recursos do FGTS para os trabalhadores.


O professor do Programa de Pós-Graduação em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco José Tabosa, também concorda que o dinheiro não vai trazer estabilidade para a atividade econômica no curto prazo.



De acordo com o professor, é errôneo pensar que a liberação do FGTS vai servir diretamente para setores da economia. "Não vai ter, por exemplo, impacto na indústria, comércio e serviços. Vai ter mais impacto na área da alimentação. Não vejo como uma medida de impacto econômico, é uma medida de garantia de direitos", explica .




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O Governo está liberando esse recurso, ele não está dando. Esse dinheiro é uma conquista do trabalhador. Como é uma causa emergencial está previsto em lei. Pode ser que isso tenha algum impacto na construção civil. Em termos de saneamento as obras estão paralisadas e as que estão projetadas para 2020 eu acho muito difícil de voltarem", considera.


Construção


O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, acredita que a liberação do FGTS pode ter atingir os investimentos do Governo em infraestrutura.


"O recurso quando é utilizado na construção civil emprega mão de obra, insumos, movimenta toda a cadeia. É muito melhor quando esse dinheiro é empregado na construção. Nós ficamos preocupados quando você tira dinheiro do FGTS e não utiliza para aquele fim que ele foi criado", avalia.


Dias de Sousa afirma ainda que o setor vai impulsionar a economia quando a crise do novo coronavírus passar. "A gente acredita que o setor será a grande mola propulsora do retorno do crescimento. É um setor que emprega mais rápido não só do lado habitacional, mas também da infraestrutura", acrescenta.