A
compra de 600 respiradores artificiais pelo Consórcio Nordeste, grupo
que reúne os nove governadores da região Nordeste do país, foi cancelada
pela empresa chinesa que produz o equipamento. O material seria
distribuído entre a Bahia, que receberia 400 unidades, e o Ceará, que
ficaria com os outros 200, segundo informações da assessoria de
comunicação do governo baiano. O valor do contrato era de R$ 42 milhões.
A assessoria do Consórcio Nordeste informou que a carga ficou retida no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos.
“A
operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo
vendedor. Nesse momento, estamos buscando novos fornecedores”, informou a
assessoria da Casa Civil do governo baiano. Segundo o órgão, a empresa
não deu explicações sobre o motivo do cancelamento.
Na
última quarta-feira (1º), o governador da Bahia, Rui Costa (PT),
queixou-se do comportamento de alguns fornecedores de insumos para o
combate ao coronavírus durante uma live. “Não temos ainda todos os
equipamentos. Compramos, mas algumas compras foram canceladas pelo
fornecedor, outras adiadas e outras com data marcada”, afirmou.
Rui
Costa também criticou os preços praticados por empresas de produtos
médicos. Ele usou como exemplo os termômetros digitais infravermelhos,
utilizados para medir a temperatura corporal em locais como aeroportos.
Segundo o governador, o produto custava R$ 160 três semanas antes. No
momento de sua declaração, estava sendo vendido a R$ 650.
Nesta
sexta-feira (3), em entrevista ao Bahia Meio Dia, o secretário estadual
de Saúde, Fábio Vilas Boas, voltou a criticar o comportamento das
empresas que produzem insumos hospitalares.
"Frequentemente
tem acontecido do pedido ser postergado para daqui umas semanas ou
meses. Ou simplesmente é cancelado. E quando vamos refazer, os preços
estão muito superiores. Tenho relatos de estados que compraram, pagaram
antecipado e o fornecedor pagou a multa, desistiu da venda e passou o
produto adiante. Estamos em uma selva".
O
secretário afirmou que a Bahia conta com respiradores e aguarda um novo
lote do equipamento para atender pacientes em um eventual crescimento de
casos que demandam tratamento intensivo.
"Deflagramos
uma série de contatos ao longo das últimas semanas. Temos em andamento
um outra promessa de compra, para 20 de abril, de 600 respiradores.
Existem outro fornecedores com quantidade menor. A secretaria tinha
reserva que seria utilizados nos novos hospitais. Isso consegue fazer
frente a essa primeira leva de pacientes que serão internados. Temos
plano B e C caso não tenhamos a quantidade ideal de respiradores. Tenho a
esperança forte de não ser sabotado nesse processo de respiradores. O
governo procurou se blindar para que a próxima carga venha parar nas
mãos da Bahia".
Ministro também criticou fornecedores
Na
quarta-feira, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta também afirmou que a
concorrência com outros países fez com que fornecedores de equipamentos
na China cancelassem contratos de venda de equipamentos médicos,
incluindo máscaras e respiradores.
O
ministério tinha a previsão de distribuir 200 milhões de equipamentos de
proteção, mas a entrega foi cancelada pelos fornecedores chineses.
Mandetta afirmou que há países que cobrem ofertas para levar a produção
já contratada por outros.
"Hoje
os Estados Unidos mandaram 23 aviões cargueiros para a China para levar o
material que eles adquiriram. As nossas compras, que nós tínhamos
expectativa de concretizá-las para poder fazer o abastecimento, muitas
caíram", disse o ministro.
Com informações G1