O avanço da pandemia do novo coronavírus traz
severo impacto na economia do futebol. Com o isolamento social e a
ausência de jogos, os clubes buscam estratégias para superar a escassez
financeira. Mas o panorama não exime a solidariedade: para Ceará e
Fortaleza, a manutenção dos funcionários é prioridade máxima.
O cálculo envolve mais precisamente 587 colaboradores. São 267 no
lado alvinegro, e 320 no tricolor. Todos na busca pela preservação dos
respectivos empregos diante da crise econômica que o País vive no
momento.
Por isso, os esforços são mútuos e coletivos. E o Leão do Pici vai
recorrer até às medidas do Governo Federal para contribuir na tarefa.
Pioneiro no cenário esportivo na criação da Rede de Proteção ao
Funcionário (RPF), o time ampliou as medidas para promover estabilidade
nos cargos.
Ao todo, 170 profissionais serão incluídos na Medida Provisória (MP)
936, que permite um acordo entre empresa e funcionário para readequação
do contrato com benefício do Governo Federal. A medida vai gerar uma
economia mensal de R$ 300 mil aos cofres do clube e não envolve
diretoria executiva, comissão técnica e o grupo de jogadores.

Em nota via assessoria, o time revelou dividir os valores com o poder
público. "Neste acordo, uma parte dos salários será paga pelo Fortaleza
e outra pelos recursos do Governo Federal contidos nas Medidas
Provisórias, garantindo que todos recebam seus vencimentos de maneira
integral. Desta forma, o clube garante todos os empregos e reafirma o
compromisso de apoio aos nossos colaboradores", respondeu em trecho da
nota oficial.
Antes, outras medidas do Tricolor já haviam sido divulgadas: os
diretores remunerados teriam corte nos vencimentos, além da diminuição
dos salários dos jogadores até abril. O custo mensal do funcionamento
tricolor é de R$ 9 milhões.
Em Porangabuçu, a prerrogativa segue sob estudo de aplicação. Uma
reunião nesta semana vai selar o número de funcionários incluídos na MP
936 e os moldes do acordo, válido a partir de maio. Em abril, 90% dos
colaboradores estão de férias.
A adoção da Medida Provisória também ganha força com a prorrogação do
decreto do governador Camilo Santana que restringe o funcionamento de
estabelecimentos até o dia 5 de maio - exceto os ditos essenciais, como
farmácias e supermercados, por exemplo.
Para intensificar o equilíbrio financeiro, o Vovô ainda prepara um
novo acordo com o elenco. O volante Charles ressaltou que os atletas
compreendem a situação atual da equipe.
"Para manter o clube em dia tinha que abrir mão de alguma coisa.
Estamos vivendo uma pandemia que nunca aconteceu, muito tempo parado,
então estamos ajudando o clube nesse momento tão difícil. Sabemos que
alguns patrocinadores acabam sendo cortados, e entramos em um consenso
em prol do Ceará", declarou.
O custo de manutenção do clube com carga reduzida de operação é de R$
5 milhões. Sem atividades, o Vovô trabalha na manutenção dos
equipamentos para uma possível retomada das competições.
Ceará e Fortaleza precisam recorrer à Medida Provisória 936, do
Governo Federal, para manter os empregos de funcionários dos clubes.
Jogadores e comissões técnicas estão fora das medidas.
FOTO: JL ROSA