SP tem primeiros casos suspeitos de contágio no sistema prisional, diz sindicato
Um detento do Centro de Progressão Provisória (CPP) de Bauru testou positivo para o novo coronavírus,
na quinta-feira (19), e o raio em que cumpre pena foi isolado. A
informação é do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do
Estado de São Paulo. Segundo o órgão, o sistema prisional de São Paulo
registrou outros casos suspeitos de contágio do vírus.
Uma pessoa presa em um dos Centros de Detenção Provisória de Pacaembu,
no interior de São Paulo, estaria com suspeita de contágio do novo
coronavírus. A prefeitura municipal de Pacaembu decretou, na
quinta-feira (19), a proibição de entrada e permanência de visitantes em
hotéis, pensões e outros estabelecimentos que hospedam visitantes das
unidades prisionais.
Depois de apresentar febre alta e dificuldade para respirar, sintomas
considerados típicos do coronavírus, um detento do Centro de Detenção
Provisória (CDP) I de Pinheiros, na capital, pode ter colaborado para a
infecção de um pavilhão inteiro da unidade prisional, segundo a
entidade. O caso teria ocorrido nesta quarta-feira (18).
Além desses casos, o sindicado afirmou ainda que um funcionário do
Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, localizado na cidade de São
Paulo, foi o primeiro caso confirmado de coronavírus no sistema
prisional paulista. O órgão também foi informado de que haveria outro
servidor com sintomas do vírus na Penitenciária Cristiano de Oliveira,
de Flórida Paulista.
De acordo com relatos de policiais penais presentes no atendimento do
sentenciado, ele teria tido contato com pelo menos 35 outros presos que
estavam na mesma cela antes de ser isolado. Segundo o órgão, os presos
que estavam no mesmo local se espalharam pelo pavilhão e podem ter
infectado ainda mais detentos.
Na Penitenciária Feminina da Capital, em Santana, na zona norte de São
Paulo, uma detenta com os sintomas do coronavírus passou por atendimento
médico nesta terça-feira (17). Segundo informações recebidas pelo
sindicato, ela passou por exames, mas não foi feito teste para
diagnosticar o vírus.
A detenta teria sido liberada pelo médico, com a recomendação de que
voltasse ao atendimento se sentir falta de ar. A presa teria retornado à
penitenciária, onde estaria dividindo a cela com as demais presas.
Suspensão de visitas
Para o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São
Paulo, uma possível infestação pelo coronavírus no sistema prisional é
decorrente do tempo que a SAP (Secretaria de Administração
Penitenciária) e do governo de São Paulo teriam levado para suspenderem
as visitas e como o trânsito de sentenciados como forma de minimizar os
riscos de proliferação do vírus.
Uma publicação no Diário Oficial de quinta-feira (19), a SAP restringiu
visitantes a partir dos 60 anos e jovens com menos de 18 anos. O
sindicato quer a suspensão total e imediata das visitas e do trânsito
dos presos entre as unidades prisionais. O órgão também protocolou uma
ação civil pública no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
reivindicando um plano de contingência imediato com uma série de medidas
contra a contaminação pelo coronavírus no sistema prisional paulista.
"O sindicato quer a adoção imediata de um protocolo específico para
proteger servidores com doenças crônicas, como diabetes, problemas
respiratórios e cardiovasculares, que agravam o quadro do coronavírus, o
fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletiva e equipe
médica para avaliação dos trabalhadores", afirmou o órgão.
A reportagem entrou em contato com a SAP, mas não recebeu retorno até a publicação da matéria.