
Desde o início da epidemia
no país, ele mantém uma escala que classifica como “massacrante” e
convive com decisões dramáticas a cada momento.
“Se uma pessoa em estado grave é muito idosa, a gente deixa morrer. É
preciso escolher, e não posso pegar vaga na UTI para alguém de 90 anos,
com perspectiva de um ou dois anos de vida, e ignorar alguém de 60
anos, que tem perspectiva de 25. Todos os dias tenho visto isso”, diz
Baldi em entrevista a ÉPOCA.
Ele menciona um caso recente para
traduzir sua dura rotina. “Ontem um senhor de 86 anos estava agonizando e
acabou morrendo porque não havia lugar e possibilidade de salvá-lo. A
situação dos leitos de UTI está quase em colapso. Fechamos as salas
operatórias e não há mais cirurgias que não sejam urgentes. Todas as
salas estão virando UTIs.”
Baldi ressalta a importância de
permanecer em casa diante do risco de contaminação. “A coisa mais
importante que os brasileiros precisam saber é que é preciso ficar em
casa e não entrar em contato com os outros. Caso encontrem alguém,
fiquem a 1 metro ou 2 de distância. Estamos testando muitas pessoas,
então já vimos que estamos com a taxa de mortalidade em torno de 5%.
Primeiro era só com os idosos, mas o vírus está entrando em mutação e
infectando crianças e jovens. Aqui já temos crianças infectadas, e o
Estado não está mentindo. Estamos todos cientes do que está acontecendo.
Ninguém está a salvo.”