O casamento é um momento marcante para qualquer noivo ou noiva, mas o
matrimônio de Rebeca Sampaio, de 29 anos, teve um detalhe ainda mais
especial: foi celebrado pelo próprio pai, o diácono Raimundo Tarcísio
Cabral. O casamento ocorreu na cidade de Milagres, no interior do Ceará,
neste sábado (8).
O diácono entrou na igreja levou a noiva até o altar como pai, vestiu
a batina e celebrou a cerimônia. Após a troca de alianças, tirou a
batina e voltou a condição de patriarca da família.
“É sempre um momento de muita emoção, da gente até achar que não tem o
merecimento, que jamais sonharia um momento desse. Uma graça muito
grande. Momento de louvar e agradecer a Deus”, diz Raimundo.
O fato é permitido pela Igreja Católica, porque o diácono é um título
de terceiro grau da Ordem do Sacramento, abaixo de bispos e padres.
Como parte do clero, estes “servos de Deus” são responsáveis trabalhos
administrativos nas dioceses, mas também podem realizar cerimônias como
batismo e casamento.
Em caso de solteiros e viúvos, a ordenação paralisa este estado,
devendo permanecer celibatários pelo resto da vida, assim como padres.
Porém muitos diáconos permanentes, como Raimundo, foram ordenados após
casarem e constituir família.
Educadora Física, Rebeca conheceu Danilo Alvar Araújo, 32, na época
da rede social Orkut, que já foi extinta. Ela nasceu em Brejo Santo e
ele é natural de Barbalha. Os dois namoraram por sete anos e sete meses
e, há três anos, ficaram noivos. “A emoção foi diferente, porque foi meu
próprio pai que fez nosso casamento e todos os convidados estavam com
uma expectativa muito grande”, admite.
A noiva não escondeu a ansiedade de percorrer a Igreja de braços
dados com o pai para, em seguida, encontrá-lo no altar. “Foi muito
marcante, pois, ele me entregou ao noivo e foi se vestir para celebrar o
casamento. Aquele momento ficou marcado para o resto da minha vida.
Momento inesquecível”, define Rebeca.
Trajetória
Nascido em uma família cristã, Raimundo se afastou da Igreja Católica
na juventude e passou a frequentar igrejas evangélicas. Só voltou à
religião aos 34 anos, quando era espírita kardecista, e já tinha dez
anos de casado. No grupo do Encontro de Casais com Cristo (ECC), se
reconciliou com a doutrina. “Foi minha conversão”, lembra.
De volta à Igreja Católica, começou a fazer parte das pastorais,
fazendo trabalho missionário em Brejo Santo. “Aí fui convidado para ser
ministro da eucaristia pelo monsenhor Dermival Gondim. Com algum tempo,
me convidou para ser diácono permanente, mas não estava preparado”,
lembra. Dez anos depois, recebeu o mesmo convite e entrou no Seminário
São José, em Crato. “Já estava consciente de minha missão”, acredita.
Após seis anos de seminário, Raimundo foi ordenado no dia 23 de abril
de 2017. De lá para cá, já realizou casamentos e batizados em Brejo
Santo. Casado há 39 anos com Goreth Cruz Cabral, é pai de três filhos,
sendo Rebeca a caçula. “Tive a graça de realizar esse casamento”,
finaliza.
G1