Foto Helene Santos |
O Ceará
registrou, de janeiro ao dia 12 de outubro, 38 mortes relacionadas à
meningite. Há três meses, até 13 de julho, haviam sido contabilizadas 27
mortes por conta da enfermidade. Os dados são da planilha de doenças de
notificação compulsória elaborada pela Secretaria da Saúde do Estado
(Sesa), que também revela 356 casos notificados da doença, no mesmo
período - até julho, eram 260 casos.
Os óbitos
se referem a duas classificações da enfermidade. A Doença Meningocócica
(DM), transmitida por bactéria e que apresenta maior taxa de letalidade,
vitimou 16 pessoas. Já a categoria "outras meningites", que podem
acontecer em decorrência de vírus e fungos, foi responsável por 22
mortes no Estado, em 2019.
Óbitos
No caso da
DM, foram 12 mortes em Fortaleza; Aquiraz, Maracanaú, Iguatu e Caririaçu
tiveram uma ocorrência cada. Já com "outras meningites", foram seis
mortes em Fortaleza. Outras 14 cidades também relacionaram óbitos em
decorrência da doença. Conforme o Ministério da Saúde, a meningite é
considerada endêmica, ou seja, "casos da doença são esperados ao longo
de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais".
A meningite
tem transmissão aérea, e seus agentes etiológicos se espalham mais
facilmente em ambientes fechados, por tosse ou espirro. Segundo a
Secretaria da Saúde do Estado, a meningite causada por fungo e vírus
geralmente apresenta casos menos graves. Quando é transmitida por
bactéria, tem maior risco de óbito ou sequelas, como convulsões, surdez,
perda de memória, falência nos rins, acidente vascular cerebral (AVC) e
outros graves danos cerebrais.
Um boletim
epidemiológico da Pasta explica que, mesmo quando a doença é
diagnosticada precocemente e um tratamento adequado é iniciado, entre 5%
e 10% dos pacientes não resistem e vêm a óbito, normalmente, 24 ou 48
horas após o surgimento dos primeiros sintomas. Sem tratamento, até 50%
dos casos podem resultar em morte.
Sintomas
Os
principais sintomas incluem febre alta repentina, dor de cabeça e na
nuca, rigidez no pescoço e vômito. Também podem aparecer náuseas,
convulsões, sonolência ou dificuldade para acordar, sensibilidade à luz,
falta de apetite e manchas ou rachaduras na pele. Bebês recém-nascidos
podem apresentar moleira elevada e inquietação.
De acordo
com o Ministério da Saúde, todas as faixas etárias podem ser acometidas
pela doença, mas o maior risco de adoecimento está entre crianças
menores de cinco anos, e especialmente as menores de um ano de idade.
Por isso, indica que manter a caderneta de vacinação em dia é a forma
mais eficaz para a prevenção. O Programa Nacional de Imunização oferta
quatro tipos de vacina - BCG, pentavalente, meningocócica C e
pneumocócica v-10 - que protegem contra a doença.
Novo método
Para o
infectologista pediátrico Robério Leite, do Hospital São José, o número
não está fora do esperado no ciclo histórico epidemiológico no Estado.
Entretanto, afirma que o número pode estar relacionado a uma nova
técnica para identificação dos agentes causadores das meningites,
desenvolvida no fim do primeiro semestre do ano. "Faz uma diferença
grande no ponto de vista de controle e para saber mais sobre nossa
realidade", afirma.
O
infectologista reforça a importância da imunização, sobretudo em
crianças nos primeiros dois anos de vida, o grupo com mais casos. "Única
forma efetiva é essa, que tem impacto de saúde pública, como houve no
País, como um todo e aqui também", explica Robério Leite.
Com informações do Diário do Nordeste.